"Nossa imagem se fortaleceu", diz Rivaldo Leite, presidente do Sindseg SP
"A resiliência foi posta à prova e seguradores, resseguradores, corretores e prestadores de serviços em geral se comportaram de forma exemplar"
Insurance Corp - 18 de Novembro de 2020Um dos executivos mais destacados do mercado e com uma carreira
ascendente na Porto Seguro, Rivaldo Leite caminha para completar, em fevereiro
de 2021, seu primeiro ano no Sindicato das Empresas de Seguros e Resseguros de
São Paulo (Sindseg-SP). Ele se dedica há mais de 40 anos ao setor.
Logo após assumir a gestão do sindicato, surgiu a pandemia
da covid-19, mas ele, como todos os demais atores das companhias nacionais,
soube administrar a situação com sabedoria – e o mais importante: resiliência.
“Nossa imagem se fortaleceu como ente vital de proteção”, afirmou o executivo
nesta entrevista exclusiva à revista Insurance Corp.
Rivaldo observa a inevitável crise provocada pela pandemia
com serenidade. Segundo ele, o Brasil já passou por diversas situações
adversas, mas é preciso enfrentá-las com determinação.
Insurance Corp – Qual é a principal lição que a pandemia do
novo coronavírus trouxe para o mercado segurador brasileiro?
Rivaldo Leite – A resiliência foi posta à prova e o mercado
com todos os seus atores – seguradores, resseguradores, corretores e
prestadores de serviço em geral – se comportaram de forma exemplar. Em pouco
tempo, a estrutura das companhias se adaptou e começou a funcionar com o
confinamento de quase 100% das pessoas. Nossa imagem se fortaleceu como ente
vital de proteção. As pessoas querem valorizar a vida e os seus familiares. A
consciência do seguro foi ampliada. Pena que muitos acham que tudo se pode
cobrar do seguro. Esta é uma realidade que temos de mudar. No mercado, nem tudo
pode.
IC – O senhor considera que a covid-19 promoveu um aumento
na procura por seguros de vida, pelo fato de potencializar o sentido da
proteção, acelerando uma tendência já existente?
RL – Sem dúvida alguma. Especialmente as pessoas que
sentiram de perto a dor ou se viram ameaçadas pela pandemia, lembraram em
ampliar os seus mecanismos de proteção ou decidiram mesmo buscar novos tipos de
proteção. Isto possibilita a criação de novos produtos, o que efetivamente é
muito bom para os consumidores.
IC – Nesse processo de isolamento social e mesmo no
relaxamento de algumas medidas nesta natureza, no âmbito das seguradoras, o
home office está definitivamente integrado no dia a dia das companhias. Este é
um processo irreversível?
RL – Posso dizer que esta tendência vai se consolidar. Se
havia dúvidas, elas não existem mais. Será muito mais fácil adotarmos a prática
e reorientar a ocupação e divisão de espaços. Em pesquisa recente que li,
constatei algo interessante. Tomei conhecimento de que a Região Sudeste exibe
um potencial de abrigar 23% de todos os colaboradores de empresas em regime de
home office. Temos de usar isso de forma inteligente.
IC – De que forma o mercado pode manter resiliência mediante
um cenário de queda do Produto Interno Bruto, em torno de 5%, segundo dados de
bancos e agências de classificação?
RL – A queda do PIB afetará a todos e será de âmbito
mundial. Pode ser que pelo tamanho do País e das dificuldades de um controle
maior da pandemia, o Brasil demore mais tempo para se recuperar. Já vivemos
crises mais de uma vez. Teremos várias dificuldades, porém precisamos enfrentar
uma a uma começando sempre pelas mais importantes. E com determinação.
IC – Em termos de produtos para a área de automóvel,
comenta-se sobre o advento de um seguro 24 horas, que pode ser contratado
durante um longo deslocamento pelas rodovias em viagens, com proteção por perda
total por acidente. O mercado está maduro o suficiente para esse tipo de
contratação sob demanda?
RL – Particularmente acho essa modalidade mais apreciável
para os que não possuem nenhum tipo de seguro. Já existem produtos no mercado e
tudo dependerá do interesse. Contudo, os seguros tradicionais ainda têm uma
longa estrada de duração.
IC – Como o senhor está conseguindo conciliar suas
atribuições como presidente do Sindseg-SP e vice-presidente comercial e de
marketing da Porto Seguro?
RL – Tudo é uma questão de prioridade. Há momentos que meu
“chapéu” é de presidente do Sindicato das Seguradoras. Visto esse chapéu com
muito orgulho e me sinto bem. Na vice-presidência da Porto Seguro estou há
muito tempo e aí são várias coisas que me dedico com o mesmo prazer e vontade.