Setor de seguros retoma crescimento em setembro e pode fechar ano com avanço de 3%
Em 12 meses, a evolução já está no mesmo patamar de 2019
Valor Econômico - 10 de Novembro de 2020A indústria de seguros pode fechar o ano com um crescimento
de até 3%, na avaliação do presidente da Confederação Nacional das Empresas de
Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização
(CNseg), Marcio Coriolano.
O mês de setembro marcou a virada da arrecadação para o
território positivo. Até agosto, o setor vinha de uma queda anual de 0,8%. As
receitas das seguradoras atingiram R$ 197,783 bilhões no acumulado até
setembro, sem considerar o DPVAT, ante R$ 196,653 bilhões em agosto, segundo
dados da entidade. Com isso, a indústria seguradora agora cresce 0,6% no ano
quando comparada aos nove meses de 2019. O avanço tende a aumentar, pois no
último trimestre a alta de arrecadação vista a partir de julho deve acelerar.
Apenas em setembro, o setor teve uma receita de R$ 24,4
bilhões, 11,92% superior ao mesmo mês de 2019. O resultado consolida a melhora
progressiva do crescimento. Em julho e agosto, os avanços foram de 4,3% e 7,3%,
respectivamente. —
No último mês do terceiro trimestre, o ramo de maior
crescimento foi o seguro de crédito e garantia, com alta de 308,7%. Em seguida
aparecem responsabilidade civil, com subida de 56,09%, e grandes riscos, que
teve avanço de 39,97% em prêmios emitidos. Outro destaque do mês ficou com o
prestamista, que teve uma elevação de 33,15%. Ramos tradicionais como auto e
vida também subiram. Os produtos registraram altas de, respectivamente, 4,32% e
18,69% em setembro.
No lado negativo, o seguro viagem ainda amarga tempos
difíceis. Em setembro, o produto caiu 81,39% na comparação com o mesmo mês de
2019. A proteção aeronáutica aparece em seguida com a segunda maior retração,
de 54,07% na mesma base.
No acumulado de nove meses, os melhores desempenhos anuais
ficam com as categorias de responsabilidade civil D&O (“directors and
officers”), que cresceu 59,65%, rural, com alta de 30,14%, marítimos e
aeronáuticos, com subida de 30,07%, e grandes riscos, que aumentaram 28,04%.
Os ramos de vida, prestamista, auto e residencial têm
desempenhos mistos no período. Os dois primeiros produtos sobem,
respectivamente, 11,69% e 3,62%, enquanto as coberturas para veículos recuam
4,09% e aquelas voltadas a casas e apartamentos têm elevação mais modesta, de
2,76%.
No acumulado de três trimestres, o setor registra quedas
expressivas em ramos como viagem, de 56,28%, garantia estendida, de 14,99%, e
riscos de engenharia, de 9,64%. Os planos de previdência privada também
mantêm-se no negativo em nove meses, com queda de 1,57%. O resultado é puxado
pela arrecadação menor do VGBL, com recuo de 2,08% em 2020 até setembro frente
a nove meses de 2019.
A família PGBL tem mostrado mais fôlego, com subida de 4,84%
na mesma base. De acordo com Coriolano, alguns ramos tradicionais,
provavelmente, não conseguirão sair do negativo em 2020, na comparação com o
ano anterior. “Auto, por exemplo, não vai conseguir recuperar tudo até o fim do
ano”, diz.
“Ainda que exista uma recuperação nas vendas e fabricação, a
indústria de veículos não voltou ainda ao mesmo ritmo de antes da pandemia”,
acrescenta. O presidente da CNseg também enxerga alguma dificuldade de produtos
de previdência privada de ultrapassarem a produção de 2019. “Mesmo PGBL e VGBL,
que perderam em algum momento da pandemia a tração, vai ser difícil recuperar
até o final do ano tudo o que perderam.”
Ainda assim, Coriolano ressalta que o setor tem mostrado
grande resiliência em meio à recessão provocada pela pandemia. “Enquanto as
projeções mostram uma queda do PIB em torno de 5% neste ano, a indústria de
seguros deve crescer 1% no pior cenário e até 3% no melhor”, afirma o
presidente da CNseg.
Para o dirigente, “em 12 meses, a evolução já está no mesmo
patamar de 2019”. Conforme Coriolano, “apesar das dificuldades, o setor
conseguiu manter uma produção razoável e resultados bons, o que mostra que
temos um mercado solvente” mesmo em situações críticas.