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Previdência privada aposta em incentivos na retomada

Após queda na pandemia, saldo do ano já é positivo

Valor Econômico - 20 de Outubro de 2020

Entre ações promocionais e de educação financeira, as empresas que oferecem previdência privada aberta vêm trabalhando para o segmento voltar a crescer no Brasil, após perder força durante a pandemia, conta o Valor Econômico.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que nos meses de março, abril e maio - no auge da crise - os fundos de previdência tiveram mais resgates do que aplicações, resultando num saldo líquido negativo acumulado de R$ 7,2 bilhões. Os meses seguintes já mostraram recuperação, com destaque para julho, com captação líquida de R$ 12,8 bilhões. No ano até setembro, o saldo está positivo em R$ 22,6 bilhões, apesar de mostrar queda de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Na Icatu Seguros, a estratégia foi reduzir o valor mínimo das contribuições para R$ 100 até o mês de agosto. “No cenário de pandemia, queríamos incentivar que as pessoas continuassem poupando”, conta o diretor de previdência, Henrique Diniz. “Vimos uma entrada de recursos de clientes novos na previdência da Icatu mesmo durante a crise. As pessoas estão começando a ir para fundos mais diversificados e diferentes. Antes, contribuíam muito na renda fixa, e a maior parte das contribuições está indo para multimercados e fundos de ações”, afirma Diniz.

Em 2019, a Icatu teve captação líquida de R$ 10,4 bilhões. Para comparação, neste ano, a captação líquida atinge R$ 1,7 bilhão até julho. Em termos de resgates, o ano passado inteiro alcançou R$ 1,5 bilhão, mas nos sete primeiros meses de 2020 as retiradas alcançaram R$ 1,3 bilhão - um aumento de 65,6% na comparação com o mesmo período de 2019. A captação em 2020 diminuiu, mas está sendo retomada, ressalta o executivo.

“Houve uma insegurança com o que estava acontecendo, as pessoas diminuíram as contribuições. Uma crise dessa magnitude tem impacto, mas na previdência foi baixo”, diz. A recuperação das contribuições vem do fato de que os clientes já têm uma experiência prévia com crises anteriores e também porque a bolsa teve uma recuperação rápida, na visão da diretora de marketing e comercial da Brasilprev, Ângela de Assis. “Vimos um forte retorno dos negócios em julho e agosto também. Tínhamos expectativa de retomar os negócios nos patamares de janeiro e fevereiro no último trimestre do ano e isso aconteceu um trimestre antes.”

Apesar da recuperação, os clientes da Brasilprev voltaram com um perfil mais conservador. Entre janeiro e fevereiro, 23% das novas alocações iam para fundos multimercados e no auge da crise, entre abril e maio, recuou para 5%. Agora, esse patamar subiu para 11%. A Brasilprev usa o Banco do Brasil como rede de distribuição e tem uma participação mais elevada de clientes com perfil conservador comparado ao resto do mercado, disse a executiva. Dos R$ 300 bilhões que a empresa tem sob gestão, apenas 12% estão alocados em multimercados. Os outros 88% ainda estão em fundos de renda fixa. “O grande desafio é mostrar que mesmo sendo um perfil conservador, com a taxa de juros a 2%, estamos falando de um novo conservador. O investidor vai ter de ter algum percentual de diversificação”, afirma Ângela.

A empresa vem fazendo uma série de ações com clientes e, segundo a executiva, já é possível ver resultados, com conscientização maior do clientes para a necessidade de diversificação. “É sempre melhor para o investidor correr risco na categoria que tem menos imposto de renda, porque o resultado líquido é maior”, afirmou o especialista em previdência e finanças pessoais Daniel Fuks, referindo-se ao benefício fiscal da previdência. Ele lembra ainda que os fundos conservadores da categoria ainda têm taxas elevadas, acrescentou. “Em algumas instituições ainda são cobradas taxas de 1% com carregamento.”