Seguro rural vai ganhando adeptos
Movimento é visto como uma gradativa conscientização da importância da cultura do seguro rural no agronegócio. Prêmios atingiram R$ 4,38 bilhões
Valor Econômico - 15 de Outubro de 2020Ainda pouco expressivo no Brasil quando comparado a outros países, o seguro rural tem apresentado uma demanda expressiva em 2020, revelando uma forte resiliência no pós-pandemia, conta o Valor Econômico. O período coincidiu com a época de plantio do milho 2ª safra (safrinha) e das demais culturas de inverno, como aveia, canola, trigo, cevada e sorgo, principalmente no Paraná e Estados da região Centro-Oeste.
De
acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) computados até
agosto, o volume de prêmios atingiu R$ 4,38 bilhões, alta de 27,7% ante o
registrado no mesmo mês de 2019. O resultado é visto como uma gradativa conscientização
da importância da cultura do seguro rural no agronegócio.
Embora
esteja regulamentado há décadas, o seguro rural ganhou força no país a partir
de 2005, quando foi lançado o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural
(PSR), o que atraiu o interesse de médios e pequenos produtores, em especial
nos Estados do Paraná e São Paulo, que concentram o maior volume de
contratantes. O PSR garante ao produtor rural (agrícola, florestal, pecuária e
aquícola) subsídios entre 20% e 40% na contratação de uma apólice de seguro
rural, com limite de R$ 48 mil anuais, no caso do seguro agrícola, que é o mais
demandado.
A
cobertura do seguro agrícola cobre especificamente perdas contra fenômenos
meteorológicos (como granizo e geadas) e riscos decorrentes de excesso de
chuvas e estiagem. Para a safra 2019/2020, o governo federal empenhou
inicialmente R$ 955 milhões, mas o valor caiu para R$ 881 milhões em razão de
um corte orçamentário. Para a safra 2020/2021, segundo a ministra da
Agricultura, Tereza Cristina, a meta é oferecer R$ 1,3 bilhão.
Segundo
estudo da MDS Brasil, corretora presente em 110 países, apenas 10% da área
plantada (estimada em 64.778,8 mil hectares pela Embrapa) está coberta pelo
seguro rural, o que representa 3,6% do montante global. O líder global são os
Estados Unidos, com 90% da área plantada segurada, o que lhe garante 51,6% do
mercado mundial desse seguro. “Nos EUA, o seguro rural existe há mais de seis
décadas e está enraizado na cultura dos produtores. Aqui, ainda é visto como
custo, embora o nosso PIB do agronegócio esteja no mesmo patamar que o
americano”, afirma Caio Carvalho, diretor de riscos empresariais da MDS Brasil.
Por meio de uma simulação, Carvalho revela que a apólice de uma área de 580
hectares plantados de soja sairia por R$ 53.674,00 anuais, sendo que R$
13.418,50 seriam subvencionados pelo PSR. “Os cultivos mais demandados são os
de soja e milho”, diz.
Segundo
Glaucio Toyama, diretor de agronegócios da Swiss Re Corporate Solutions, a
difusão envolve tanto o setor público como as seguradoras. “Deve haver mais
divulgação dos benefícios em outras regiões, desenvolvimento de parcerias entre
o governo, seguradoras e cooperativas e oferta de soluções digitais e
profissionais capacitados pra atender as novas tecnologias dos produtores”,
afirma.
Há 11
anos no setor rural, a Swiss Re opera tanto em seguros como resseguros, que são
contratados em apólices de grandes riscos, como no caso de uma usina de açúcar,
envolvendo a cobertura da área plantada e dos equipamentos.
Para
Marcio Martinati, superintendente de agronegócio da Sompo Seguros, as
prioridades para avançar no setor estão na agilidade em ressarcir o produtor em
caso de sinistro e oferecer tecnologia digital de ponta na inspeção, tanto na
vistoria e precificação, como no momento de uma indenização. “Entramos em 2019
na cobertura de grãos e nos próximos anos vamos oferecer para mais cultivos e
para o seguro pecuário. Hoje, o pecuarista não tem opções para doenças
epidêmicas, como gripe suína ou aftosa”, afirma.
Já a
Tokio Marine pretende se aproximar de pequenos produtores que vinham sendo
amparados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que
passaram a ter acesso à contratação doo seguro rural privado. Segundo Joaquim
Neto, superintendente de agro da Tokio Marine, a companhia conta com uma equipe
de 300 corretores especializados para contato com cooperativas e produtores.