home / notícias / Vida: Assistência a vítimas da Covid marca o semestre

Vida: Assistência a vítimas da Covid marca o semestre

Seguradoras veem crescimento do interesse por apólices individuais e dos pagamentos de indenizações

Valor Econômico - 26 de Agosto de 2020

No primeiro semestre, as seguradoras de vida pagaram R$ 5,3 bilhões em indenizações, 7,4% acima do valor registrado em igual período do ano passado. Neste valor estão benefícios para famílias que acionaram o seguro por morte, para despesas com funeral, para pagar prestações atrasadas de financiamentos e de colégios por desemprego ou reembolso de despesas por viagens canceladas.

O seguro de vida ainda tem baixa penetração no Brasil, representando apenas 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas o cenário adverso deste ano parece ter convencido o brasileiro a dar mais importância a esses papéis. O seguro de vida individual apresentou crescimento de 34,27% no acumulado de janeiro a junho, comparado a igual período de 2019, com R$ 3,3 bilhões em prêmios.

Já o seguro de vida em grupo registrou R$ 5,8 bilhões, retração de 0,76%. “O brasileiro percebeu a importância de ter reservas financeiras para superar momentos como esta crise sem precedentes”, afirma Jorge Nasser, presidente da Federação das Empresas de Previdência Aberta (FenaPrevi) e da seguradora de vida e previdência do grupo Bradesco Seguros.

 A pandemia também significou uma forte procura por indenizações. Na Icatu, a diretora de vida Luciana Bastos, que administra uma carteira com mais de 6,2 milhões de clientes, informa que o grupo pagou até julho cerca de 400 indenizações por covid. “Pagamos em menos de sete dias. Neste momento podemos mostrar o quão importante é o papel social do seguro”, diz. Segundo os entrevistados, a procura por informações sobre seguros de pessoas teve forte aumento, mas ainda não se materializou em vendas concretas. “A vulnerabilidade teve um efeito positivo no sentido de sensibilizar as pessoas sobre a importância da educação para proteção familiar”, afirma Luiz Butori, diretor do Itaú.

“Registramos um aumento absurdo pela procura de informações sobre o seguro, mas isso ainda não se converteu em vendas”, diz o executivo do banco, sexto maior em vendas de seguro de vida no país. Na MetLife, a percepção é a mesma. “Vimos um despertar em relação a proteção das famílias”, afirma Breno Gomes, vice-presidente de estratégia.

Para o CEO da Prudential, David Legher, a pandemia também serviu para acelerar o processo de digitalização. “Chamo isso de modernização. Consultores treinados para contatar o cliente em salas virtuais e produtos ligados à economia do comportamento, com recompensas por bons hábitos são o novo normal”, afirma ele, que pagou 25% mais em indenizações de março a julho deste ano, comparado ao ano anterior.

Algumas companhias rapidamente adotaram aplicativos de vídeo e mensagens para facilitar o acesso dos clientes e a autenticação de contratos, além de promover reuniões digitais face a face para corretores poderem ofertar consultoria financeira e concluir a venda de forma digital.

A MAG Seguros, que já tinha revisto produtos e digitalizado a venda, reforçou os treinamentos digitais de corretores. “Alguns faziam uma visita por dia e agora conseguem auxiliar o planejamento financeiro de até cinco famílias”, conta Marcio Batistuti, diretor de varejo da MAG. Essa agilidade ajudou a seguradora a manter as vendas acima dos indicadores do ano passado. Neste ano, a empresa lançou a linha Vida Toda Bem-Estar, que visa manter o cliente saudável ao ofertar coberturas para doenças graves e fatos inesperados. Em caso de diagnóstico de doença, o cliente recebe o valor contratado para auxiliar no tratamento.

O grupo centenário também aprimorou seu pacote de assistências, que inclui orientações médicas por vídeo, orientação por telefone com psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, assistentes sociais, além de uma rede de laboratórios, clínicas e farmácias que dão descontos. Na Bradesco Vida e Previdência, o principal destaque é o pedido de indenização 100% digital. “Até pouco tempo atrás, era necessário juntar uma vasta documentação de todos os beneficiários e enviar pelo correio para a seguradora.

Hoje, o processo é feito com upload de fotos em um portal, disponível 24h por dia, sete dias por semana, podendo ser feito por clientes e corretores”, afirma Bernardo Castello, diretor da seguradora líder de vendas de seguros de pessoas, com quase 20% de participação de mercado. Até o fim de julho, o grupo pagou mais de 900 indenizações, com valor total superior a R$ 80 milhões.

A BB Seguros também sentiu aumento da demanda por seguro de vida ao incluir assistências exclusivas, voltadas para a saúde e bem-estar. As novidades são assistências médicas como consultas e exames, locação de aparelhos ortopédicos, orientação nutricional, psicológica e fitness.

Em alguns planos o cliente também tem à disposição um pacote de auxílios para os animais de estimação, com consulta veterinária, atendimento hospitalar, transporte emergencial, hospedagem e funeral pet, informa Karina Massimoto, superintendente de seguros de pessoas da Brasilseg, uma empresa BB Seguros.

Na SulAmérica, que tem 39 mil corretores como principal canal de vendas, a aposta está no uso da tecnologia para facilitar a contratação diretamente no site. A partir de agosto, todas as vendas de seguros de vida e planos de previdência, ambos na categoria individual, passaram a ser integralmente on-line.

“Processos que anteriormente eram manuais, como a contratação do seguro de vida e o envio documentos como o kit de boas-vindas e apólice, tornaram-se 100% digitais”, informa Victor Bernardes, diretor de vida e previdência. “Tivemos um aumento de aproximadamente 18% nos pagamentos de serviço funeral no primeiro semestre, o que sinaliza maior penetração da assistência na nossa carteira e reforça a importância dos serviços adicionais prestados”, afirma Bernardes.