Porto Seguro espera um segundo semestre bem melhor
Perspectiva é baseada na retomada do crescimento de prêmios no período
Valor Econômico - 05 de Agosto de 2020O Valor
Econômico informa que a Porto Seguro tem expectativa de um segundo semestre
mais forte do que o primeiro, avaliou o presidente da seguradora, Roberto
Santos, em teleconferência com analistas para comentar os resultados do segundo
trimestre. A perspectiva positiva, com retomada do crescimento de prêmios,
ocorre mesmo com um forte resultado do grupo na metade inicial do ano.
O lucro líquido da Porto Seguro cresceu 72,4% no segundo
trimestre ante o mesmo período do ano passado, para R$ 656,7 milhões. No
acumulado do primeiro semestre, a linha apresentou crescimento de 30,1%, a R$
885,1 milhões. O resultado operacional de seguros registrou forte alta em
relação ao segundo trimestre de 2019 de 144,8%, para R$ 590,5 milhões, frente a
R$ 241,2 milhões um ano antes.
Segundo Santos, o aumento da rentabilidade no semestre
ocorreu principalmente devido à redução da sinistralidade. Esse indicador no
seguro auto, principal área de negócios da companhia, por exemplo, recuou 15,4
pontos percentuais ante o segundo trimestre do ano passado, devido à menor
circulação de veículos em função do isolamento social, por causa da pandemia de
covid-19.
O vice-presidente de seguros do grupo, Marcelo Picanço,
afirmou que o fim do segundo trimestre e os números preliminares de julho já
registram uma recuperação dos prêmios. 'Já estamos vendo uma recuperação,
com a maior parte das carteiras voltando ao terreno positivo em termos de
prêmios, praticamente zerando as quedas [no semestre]', disse.
'Estamos bem mais confiantes para o segundo semestre, mesmo que tenha
ainda um arrasto da pandemia, a gente voltou ao crescimento nos prêmios',
acrescentou o vice-presidente de seguros.
Na avaliação do presidente da Porto, a inadimplência na área
de negócios de crédito, que inclui financiamentos e cartões, também tende a
permanecer estável em relação ao primeiro semestre. 'Se não tiver uma
segunda onda [de infecções por covid-19] e a questão do desemprego não
acelerar, o índice atual já contempla o pior momento e estamos
confortáveis', disse Santos.
Conforme o executivo, a Porto teve um índice de 15% de
renegociação na carteira de empréstimos, 'abaixo do mercado'. Essa
fatia de financiamentos em que os devedores solicitaram uma carência para os
pagamentos tem tido uma inadimplência abaixo das estimativas do grupo.
'Nosso índice de cobertura [para devedores duvidosos] está adequado e deve
caminhar nesse mesmo patamar nos próximos trimestres', afirmou Santos.
A taxa de inadimplência das carteiras de crédito da
companhia terminou o segundo trimestre em 6,1%, enquanto o índice de cobertura
terminou em 135%, no mesmo patamar do quarto trimestre de 2019.
Sinistralidade
Um dos fatores que ajudou na melhora da rentabilidade da
Porto, a queda da sinistralidade como efeito do isolamento social, deve se
manter positiva no segundo semestre, na avaliação de Picanço.
'A sinistralidade menor na pandemia no auto deve ficar
estável [nos próximos trimestres]', disse. Para o vice-presidente de
seguros, o sinal amarelo nesse quesito está aceso apenas para o roubo e furto,
que 'pode aumentar, porque, na nossa experiência, esses eventos aumentam
em situações de crise, mas isso vai depender das políticas públicas'.
Seguro saúde
No caso do seguro saúde, o chamado 'efeito rebote'
de represamento de procedimentos eletivos durante a pandemia e possível repique
de solicitações conforme o cenário se normalize tende a ser compensado pela
adesão à telemedicina, que ajuda a diminuir a frequência nos pronto-socorros.
Conforme Santos, além disso, as provisões no segundo
trimestre já 'capturaram boa parte dos procedimentos represados, o que
alivia a sinistralidade [da saúde] nos próximos trimestres'.
Seguro de vida
O seguro de vida, por outro lado, pode sofrer pressão
adicional com o pagamento de indenizações às vítimas da covid-19.
'O vida pode
ficar mais pressionado, porque estamos indenizando os casos de covid, mas o
produto também tem sido mais procurado contratação, um crescimento que deve
compensar, em parte, o aumento da sinistralidade', explicou o presidente
da Porto.