Previ mira IPOs e aposta em negócios sustentáveis
Com um patrimônio de R$ 195,8 bilhões, a Previ, maior fundo de pensão do País, iniciou o segundo semestre retomando os planos de diversificar seu portfólio e mirando oportunidades na Bolsa, em especial a nova leva de ofertas iniciais de ações no horizonte pós-pandemia, informa o Estadão.
Um
dos mais relevantes investidores institucionais brasileiros, a entidade vê com
bons olhos a movimentação de seus pares globais na busca por um maior
compromisso de empresas e governos com a sustentabilidade. Acionista de grupos
como Vale e Petrobrás, a Previ tem preferido a estratégia de estimular a adoção
de melhores práticas nas empresas em que investe em lugar de excluir setores ou
empresas de sua carteira.
'A
forma mais efetiva de criar valor é incentivar que a companhia melhore,
independentemente do estágio em que esteja (em termos de práticas ASG
ambientais, sociais e de governança). Na nossa visão deixar de investir numa
empresa pode não ser a melhor forma', disse o presidente da Previ, José
Maurício Coelho, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
O
entendimento da Previ é que pode influenciar a construção de negócios
sustentáveis no longo prazo, seja via participação em conselhos ou pelo canal
direto como acionista. 'Se conseguir fazer a empresa emitir 10% menos
carbono ajudo o mundo. Não sei se ajudaria tanto se vendesse minhas
ações', diz, destacando que não há 'certo ou errado', mas
estratégias distintas.
O
movimento de fundos estrangeiros trilionários limando empresas de seus
portfólios alegando violação ambiental ou a direitos humanos vem crescendo. A
prática já atingiu brasileiras como a empresa de alimentos JBS, retirada da
carteira do norte-europeu Nordea, e Vale e Eletrobrás, excluídas pelo fundo
soberano da Noruega.
Signatária
fundadora do programa global Princípios para o Investimento Responsável (PRI),
a Previ entende que levar em conta critérios ASG é relevante para manter a
governança fortalecida em períodos de incerteza e se tornou ainda mais
essencial frente aos impactos da covid-19.
Em
meio à crise, o fundo dos funcionários do Banco do Brasil fechou o primeiro
semestre com déficit acumulado de R$ 10,7 bilhões em seu maior plano, o de
benefício definido. A perda de 4,76% no período reflete o 'cenário
devastador na economia', mas significou melhora ante o primeiro trimestre,
quando amargou resultado negativo de R$ 23,6 bilhões.
A
Previ conseguiu passar pelo auge da crise sem vender ativos abaixo do preço
justo e recuperou R$ 12,9 bilhões no segundo trimestre, na esteira da volta da
Bolsa aos níveis pré-pandemia. Agora mira de novo o mercado de ações, incluindo
a nova leva de IPOs que se desenha.
A
ideia é seguir com a política de desconcentração da carteira de ações, que hoje
tem 87% de seu valor em 12 companhias.
'Vamos
avaliar oportunidades de operações de mercado no semestre, principalmente IPOs.
A
estratégia é privilegiar empresas bastante líquidas e participações pequenas,
em torno de 5%, sem participar de blocos de controle', diz.
O
presidente da Previ admite retomar o programa de diversificação do portfólio,
suspenso diante do cenário de incerteza.
O
plano prevê a alocação de R$ 4,8 bi em fundos imobiliários, multimercados e
investimentos no exterior. Hoje 90% do portfólio está em renda fixa (46,07%) e
variável (43,82%).
Na
visão de Coelho o pior momento da crise passou, e o resultado de julho tende a
ser o melhor do ano. A partir daí, porém, a recuperação dos mercados assumirá
ritmo mais lento, ainda sofrendo com a volatilidade.