Mercado desacelera queda em maio
"Depois da pancada grande de abril, o mês de maio apresentou uma significativa melhora", diz o presidente da CNseg
Valor Econômico - 12 de Julho de 2020Após um a forte queda de arrecadação em abril, o mês de maio
mostra uma desaceleração no ritmo da retração e aponta para uma retomada do
setor de seguros nos próximos meses, segundo dados da Confederação Nacional das
Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e
Capitalização (CNSeg). 'Depois da pancada grande de abril, o mês de maio
apresentou uma significativa melhora na comparação mensal', afirma o
presidente da entidade, Marcio Coriolano. No ano, até maio, o setor de seguros,
sem considerar o DPVAT e os produtos de saúde, teve uma receita de R$ 97,78
bilhões, o que representa um recuo de 5,62% ante o mesmo período de 2019. Na
comparação com o mesmo mês do ano passado, a arrecadação de R$ 17,52 bilhões em
maio significa uma queda de 22,1%.
A retração do quinto mês de 2020 na comparação anual foi, no
entanto, menor do que a vista em abril. O mês inicial do segundo trimestre, que
marcou o primeiro período cheio de 30 dias já dentro do isolamento social,
apresentou um recuo de 26% em termos de receitas consolidadas.
Na base mensal, maio teve um crescimento de 11,4% frente a
abril. As maiores quedas em maio ficaram com os ramos de grandes riscos, que
retraiu 58,1%; riscos de engenharia, com recuo de 28,9% ante abril; garantia
estendida, com redução de 51,8%; e massificados, que teve uma diminuição de
receita de 18%.
Dos produtos mais conhecidos, o seguro auto teve crescimento
mensal de 2,6%, enquanto as apólices de vida subiram marginalmente, com alta de
0,8% em maio. Ainda em termos de comparação mensal, a grande vedete de maio foi
o VGBL que teve um crescimento de 49,7% e recuperou a queda de 38,9% vista em
abril. Na base anual, porém, esse tipo de plano de previdência privada aberta
amargou retração de 33,4%.
Outro segmento que praticamente não viu crise foi o de
seguro agro. O ramo cresceu 10,9% em maio ante o mesmo mês de 2019. Frente a
abril, o produto teve um aumento de 10,4% na arrecadação. Segundo Coriolano, o
ano de 2019 registrou crescimento acima da média da indústria de seguros, de
mais de 12%, o que torna a base de comparação 'muito forte e exacerba a
percepção de queda'.
Tanto que, mesmo com o crescimento de dois dígitos em
janeiro e fevereiro deste ano, a estimativa para o setor, antes da pandemia,
apontava a um avanço próximo ao do ano passado, mas ainda assim um pouco menor.
'A pandemia foi decretada no meio de março e afetou o setor a partir da
metade do mês. Quando chegou abril foi uma reversão enorme.'
Conforme o presidente da CNSeg, as medidas de distanciamento
social atingiram diretamente alguns segmentos, como os de garantia estendida e
massificados, que têm como principal canal de vendas as redes de varejo.
'Com as lojas fechadas, simplesmente as vendas desses produtos ficaram
paradas', explica.
Expectativa para o 2º semestre
Para Coriolano, maio marcou o início de uma retomada gradual
da indústria de seguros no Brasil. 'O segundo semestre será melhor que o
primeiro. A atividade econômica tende a voltar e, com uma retomada da
mobilidade e abertura da economia, acho que tende a ser um período melhor daqui
para a frente.' Alguns dados recentes mostram também que a pandemia tem
alterado alguns comportamentos do consumidor de seguros.
'Em um cenário de incertezas e de ativos voláteis, os
planos de acumulação, principalmente o VGBL, passam a ter importância maior
para as pessoas. Houve ainda crescimento forte de vida e residencial, o que
mostra uma maior conscientização sobre proteção à família e ao
patrimônio.'