Novo exame para covid-19 é mais rápido e custa menos
O Valor Econômico informa que pesquisadores do Hospital Israelita Albert Einstein desenvolveram, em dois meses, um exame genético para diagnóstico da covid-19. A referência é o sequenciamento de nova geração (NGS, na sigla em inglês), que lê pequenos fragmentos de DNA para identificar doenças ou mutações. A nova tecnologia processará número 16 vezes maior de testes e o custo será menor. O exame poderá ser usado em rede pública de saúde se governos entrarem em acordo comercial com o Einstein. Cada rodada do método RT-PCR analisa 96 amostras ao mesmo tempo, enquanto no NGS serão 1.536.
A
partir de junho, o hospital terá capacidade de processamento elevada para 5,53
mil testes por dia ante atuais 2,2 mil. O recurso é uma alternativa para ajudar
no controle da pandemia porque permite a testagem em massa. A técnica NGS era
aplicada somente à medicina de precisão no diagnóstico de doenças hereditárias
e oncológicas. Como a frequência de pacientes fazendo estes exames caiu e as
máquinas estão ociosas, o Einstein iniciou os testes para a covid-19.
“Usamos
o sequenciamento genético do novo coronavírus e sua expressão de proteínas para
implementar um algoritmo que identificasse [o vírus] em escala maior em uma
única rodada de testes e com custo mais barato que o método do RT-PCR”, disse
Sidney Klajner, presidente do hospital. A coleta de amostra para detecção do
vírus é feita com hastes flexíveis estéreis (swab) que entram em contato com as
vias respiratórias dos pacientes, nasofaringe ou orofaringe, assim como no
RT-PCR.
Depois
começa o processo para obter o material genético do vírus, o RNA, que usa
insumos diferentes do teste típico. Na terceira etapa, este material é
amplificado e, em seguida, ocorre o preparo de biblioteca de sequenciamento. No
quinto passo, é determinada a sequência genômica do vírus. A última etapa é
feita com uma ferramenta de bioinformática, o Varstation, em que um algoritmo
identifica os pacientes e os resultados positivo ou negativo.
Por
enquanto, o diagnóstico sai em 48 horas, mesmo prazo do exame RT-PCR. Mas este
tempo pode ser encurtado para até 24 horas, segundo Cristóvão Mangueira,
diretor do departamento de patologia clínica. As técnicas destes exames são
equivalentes em termos de acurácia - há 10% de chance de se obter um falso
negativo.
“Como
os parques atuais de exames não dão conta da demanda, as máquinas de NGS estão
ociosas e podem ser úteis no combate à pandemia”, diz Mangueira. A vantagem é
ampliar o número de testes na população a um preço menor do que o RT-PCR, que
varia de R$ 250 a R$ 350. O Einstein poderá fazer 100 mil exames por mês.
O
processo teve patente internacional requerida pelo Einstein nos Estados Unidos
na sexta-feira (15). “A patente não é aberta. O método será levado a outros
laboratórios e países, em acordo comercial ou transferência de tecnologia. O
Brasil passa a contribuir mundialmente no combate à covid-19”, disse Claudio
Terra, diretor de inovação e transformação digital. O investimento destinado à
pesquisa não foi informado.
O
Einstein já fez 52 mil exames de covid-19, entre particulares e terceiros. O
hospital administra em parceria com a Prefeitura de São Paulo um terço da
capacidade de leitos de UTI para covid-19 nos hospitais públicos do município.