Acordo com Icatu teve pagamento de R$ 200 milhões, diz BNB
A instituição explicou que a expectativa é que, em 20 anos, a operação renda mais R$ 183 milhões, como resultado da divisão das vendas
Valor Econômico - 22 de Maio de 2020O Valor Econômico informa que a Icatu Seguros pagou R$ 200 milhões para acessar o balcão do BNB e vender seguros e previdência. O acordo, assinado em fevereiro e com início operacional na semana passada, não tinha tido seu valor divulgado.
O BNB
informou o valor ontem. A instituição explicou que a expectativa é que,
em 20 anos, a operação renda mais R$ 183 milhões, como resultado da divisão das
vendas. O acordo tem expectativa de receita de R$ 383,3 milhões em duas décadas
para o banco. Nos bastidores, os R$ 200 milhões pagos na entrada pela Icatu, já
faziam parte das conversas.
Uma
fonte disse que o balcão do BNB valeria muito mais, por conta de sua atuação
ampla no Nordeste, principalmente pela oferta do Crediamigo, linha de
financiamento voltada para microempreendedores. Outro interlocutor afirmou que
não houve uma concorrência adequada e transparente. O BNB defendeu, em
entrevista ao Valor, a transparência do processo.
O
superintendente de produtos e serviços bancários do banco, João Robério Pereira
de Messias, explicou que a venda do balcão começou em 2016, ainda no governo
anterior. Na ocasião, houve uma chamada ao mercado e 24 empresas, entre as que
têm maior patrimônio, entraram na disputa. Em 2018, a seguradora Sompo ganhou a
concorrência, mas acabou desistindo. Com isso, informou Messias, o processo foi
suspenso. O BNB não informou qual o valor da oferta vencedora na ocasião.
Em
2019, já com o novo governo e uma situação mais tranquila no mercado
financeiro, o banco estatal retomou o processo. A operação foi liderada pelo
Brasil Plural, que já havia feito os estudos relativos ao certame anterior.
Messias disse que houve um roadshow com parte das 24 seguradoras do mercado
chamadas para o processo, aquelas que manifestaram interesse. Segundo ele,
preocupados em garantir a conformidade com a legislação, o banco consultou o
Tribunal de Contas da União (TCU) e incorporou ao processo o decreto 9188/17,
que regula as operações de desinvestimento de estatais.
“Houve
muita preocupação com transparência e conformidade... Foi importante porque o
TCU mostrou como os demais bancos tinham feito”, afirmou. Messias disse que
houve três avaliações sobre o processo: uma interna do banco (formada por três
superintendentes), uma do assessor financeiro contratado (o Plural) e por
auditoria independente, a PWC.
Foram
recebidas dez propostas preliminares após o roadshow. Segundo ele, os critérios
para seleção do vencedor passaram pelo valor oferecido (o principal) e outros,
como tamanho da empresa, patrimônio líquido, receitas. “Mas o mais importante é
o valor que ela oferece”, disse.
Durante
a entrevista, realizada na terça-feira, o representante do banco insistiu que
não poderia divulgar o preço do negócio com a Icatu e que isso seria feito nas
notas explicativas do próximo balanço. Ele assegurou, contudo, que o montante
foi mais que o dobro do esperado internamente e acima do previsto pela
auditoria independente e do próprio TCU.
O
contrato de 20 anos dá exclusividade para vendas de seguros de vida,
prestamista e previdência privada. “O banco já recebeu os recursos no caixa. E
ao longo da parceria, vai receber metade do lucro da operação e taxa de
performance, se passar da meta”, explicou.