Previdência procura minimizar impactos financeiros em carteiras
Com 90% dos funcionários em home office e foco na comunicação com os clientes, a Brasilprev, que detém a maior carteira de previdência privada do país, espelha bem o momento que o setor vive. A indústria tenta minimizar os impactos financeiros e físicos que a disseminação mais acelerada do coronavírus trouxe para o mercado de capitais e para a economia como um todo. Este é, segundo seus participantes, um dos cenários de maior estresse e imprevisibilidade já experimentados.
A urgência é proteger os
colaboradores de um lado e socorrer os clientes atingidos pela forte
desvalorização dos recursos investidos nas últimas semanas, o que tem se
mostrado um enorme desafio. “O próximo passo é colocar 250 pessoas que
trabalham no nosso atendimento ao investidor em casa, ao mesmo tempo em que
queremos manter 100% das informações necessárias rodando. Estamos investindo em
uma solução tecnológica para que isso seja possível rapidamente”, afirma Márcio
Hamilton Ferreira, presidente da Brasilprev.
A companhia, que fechou 2019
com alta de 69% na captação líquida de R$ 13,3 bilhões, e atingiu R$ 292,3
bilhões em patrimônio líquido (PL) investido, tinha perspectivas otimistas para
2020. Mas, apesar de o ano ter começado bem, com R$ 1,5 bilhão de captação
líquida em janeiro, 200% a mais do que em igual mês de 2019, a divulgação do
contágio crescente do coronavírus em março e as consequentes quedas das ações
do Ibovespa fizeram com que as projeções ficassem incertas não só para a
Brasilprev, mas para todo o setor. “Nossa previsão era crescer entre 9% e 12%
este ano, mas acho difícil isso se manter.”
A mudança de cenário acontece
justamente no momento em que indústria da previdência complementar aberta se
preparava para atingir seu primeiro trilhão. E estava bem próxima disso ao alcançar
no fim de janeiro uma carteira de R$ 953,8 bilhões e captação líquida de R$ 4,4
bilhões. “Daqui para frente tudo muda. Estamos orientando o mercado e os
clientes que é preciso ter calma”, afirma Jorge Pohlmann Nasser, presidente da
Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e da Bradesco Vida
e Previdência.
A apreensão do investidor
aumentou em março ao ver parte de seus recursos encolher brutalmente junto com
os tombos da Bolsa. Nos últimos dois anos, o investidor vinha aumentando sua
exposição a ativos de maior risco - fundos multimercado e renda variável - para
poder rentabilizar melhor suas aplicações de longo prazo, já que a renda fixa
vem oferecendo ganhos bem menores com a Selic a 3,75% ao ano. Nesta transição,
os fundos de multimercado em previdência chegaram a atingir quase 14% do volume
total da indústria e foi um dos que mais sofreram - ao lado dos fundos
balanceados e de ações - com a desvalorização no ano de 7%, em algumas dessas
categorias. “Agora não é momento de fazer movimentos, pois o mercado está
extremamente volátil. O que nos dá mais tranquilidade é que as vendas de
previdência são consultivas e o investidor que está em renda variável ou em
multimercado conhece o risco e está mais maduro”, avalia Nasser.
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