ANS deve liberar R$ 10 bilhões para os planos de saúde
O valor faz parte de um fundo garantidor formado por dinheiro das operadoras
O Globo - 20 de Março de 2020O Globo relata que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deverá liberar R$ 10 bilhões para os planos de saúde. O valor faz parte de um fundo garantidor formado por dinheiro das operadoras, mas entraves burocráticos vinham dificultando a liberação. A reunião da ANS está marcada para hoje.
O anúncio foi feito pelo
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Ele indicou que os planos de saúde
cuidarão do atendimento dos 50 milhões de brasileiros segurados, a fim de não
sobrecarregar o sistema público de saúde.
Segundo Mandetta, as operadoras
apresentaram alguns pedidos, que estão sendo analisados. O ministro disse que
os R$ 10 bilhões serão condicionados a medidas como o aumento da quantidade de
leitos e de testagens : - Planos de saúde, para funcionarem, a Agência Nacional
de Saúde faz com que eles depositem um dinheiro, que é a garantia para, caso
deixem de funcionar, paguem as pessoas. Esse fundo garantidor, desde 2012,
2013, 20% dele podem ser utilizados para a construção de hospitais, compra de
equipamentos. E o setor vinha usando pouco esse recurso. A burocracia era muito
difícil. O fundo chega a R$ 53 bilhões.
Os planos de saúde também serão
liberados da regra que os obriga a fazer cirurgias dentro de um prazo. A ideia
do ministério é suspender as cirurgias eletivas, aquelas que podem ser
agendadas, tanto na rede privada como na pública, liberando, assim, leitos de
UTI.
Vera Valente, diretora
executiva da FenaSaúde - entidade que representa as maiores operadoras de saúde
suplementar - apoiou a medida: - Todas as nossas sugestões têm sido no sentido
de permitir que as operadoras de planos de saúde possam canalizar esforços e
recursos financeiros, físicos e humanos para, em consonância com as recentes
orientações do Ministério da Saúde e da ANS, dar prioridade ao tratamento de
pacientes acometidos pela Covid-19.
RISCO DE AUMENTO
Para o economista do Ipea e
doutor em saúde coletiva Carlos Ocké, essa não é a melhor indicação para as
reservas das operadoras: - Num cenário como o que se desenha, de recessão no
mundo e no Brasil, entendo que o uso adequado das reservas seria para dar maior
liquidez às empresas, já que se trata de setor diretamente ligado à renda e ao
emprego, de forma a garantir que não haja no próximo ano aumentos que possam
ser expulsórios para os beneficiários da saúde suplementar, a exemplo do que
vimos nas últimas crises. Para aumentar o número de leitos, na minha visão, o
melhor investimento seria no SUS.