Lucro da Icatu em 2019 sobe 18% para R$ 320 mi
Mesmo com desempenho recorde em 2019, a Icatu Seguros quer manter o ritmo de crescimento neste ano, afirma o presidente da seguradora Luciano Snel ao Valor Econômico. O executivo evita divulgar um número, mas assegura que as perspectivas apontam para um crescimento de dois dígitos e, potencialmente, acima da média do mercado em 2020. No ano passado, a Icatu registrou um aumento anual de 41% na arrecadação - que inclui prêmios emitidos, captação de previdência, capitalização e taxas de gestão, entre outros - para R$ 17,7 bilhões. O lucro líquido também foi recorde, de R$ 319,8 milhões, alta de 18% na comparação com 2018. A companhia ressalta ter registrado expansão em todas as linhas de negócio e encerrado o período com patrimônio líquido de R$ 1,3 bilhão.
Pelo segundo ano consecutivo, a
Icatu liderou o ranking de portabilidade de planos de previdência aberta,
segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) analisados pela
consultoria Siscorp, com recebimento de R$ 7,4 bilhões provenientes da migração
de recursos de clientes de outras casas. A cifra representa um aumento de 49%
em relação ao ano passado. A captação líquida dos fundos de previdência
alcançou R$ 10,4 bilhões, um crescimento de 59% em relação ao ano anterior. Com
isso, a participação de mercado da Icatu no segmento subiu para 18%. As
reservas dos planos PGBL e VGBL bateram a marca de R$ 39,1 bilhões, expansão de
52%.
A plataforma aberta da Icatu
conta com mais de 280 fundos de 83 gestores. Do total, 41 novos portfólios
foram lançados em 2019. Snel afirma que a empresa vai manter o ritmo de
expansão do canal digital. “Após a reforma da Previdência, temos sido constantemente
procurados por gestoras novas que querem firmar parcerias e entender o segmento
de fundos que recebem recursos de planos PGBL e VGBL”, diz.
No segmento de seguros de vida,
a Icatu registrou R$ 2,2 bilhões em prêmios emitidos, um aumento de 17% em
relação a 2018. No ano passado, uma das estratégias para a expansão foi o
lançamento de produtos voltados para pequenas e médias empresas e outro
inspirado no “universal life”, que representa 44% do mercado nos Estados
Unidos. Trata-se de um modelo híbrido no qual parte do valor recolhido do
beneficiário se destina às coberturas (prêmio) e o restante a um plano de
acumulação. No ano passado, a Icatu se consolidou na quinta posição entre as
maiores empresas de capitalização no país.
A subida no ranking teve ajuda
da aquisição da carteira da SulAmérica e do aumento de participação na Caixa
Cap, de 24,5% para 49%. O negócio conjunto - a compra da carteira incluiu a
participação da SulAmérica na Caixa Cap - foi fechado em julho de 2019 por até
R$ 183 milhões e recebeu aval do Cade em janeiro deste ano. O segmento de capitalização
atingiu R$ 1,3 bilhão em faturamento e distribuiu R$ 78,4 milhões em sorteios.
Em 2020, com a conclusão da
compra, as receitas podem subir para R$ 2 bilhões. Com as recentes negociações,
explica Snel, a empresa amplia a participação no mercado de garantia locatícia,
que é feita por meio de um título de capitalização, e passa a comercializar o
produtos em uma rede com 27 mil pontos de venda.
Na área dedicada à gestão
terceirizada de recursos para atender fundos de pensão, o patrimônio
administrado pela Icatu Fundos de Pensão somou R$ 3,6 bilhões. A casa é
responsável pela gestão de cinco planos instituídos (fundos setoriais) e 39
planos do fundo Icatu Multipatrocinado, com 95 patrocinadoras e mais de 87 mil
participantes. “Somos uma empresa muito focada em parcerias”, afirma o CEO da
seguradora.
De acordo com Snel, algumas
dessas associações vão começar a gerar resultados a partir deste ano, o que vai
ajudar a sustentar o ritmo de crescimento do grupo. O executivo-chefe da Icatu
cita o acordo com o Banco do Nordeste como exemplo. “Neste mês vencemos
concorrência do BNB para os próximos 20 anos” para os principais ramos do
grupo, diz. O acerto prevê a exclusividade de distribuição de produtos de vida
e previdência nos canais físico e digital da instituição.
As perspectivas são positivas
também para o carro-chefe do grupo o segmento de previdência aberta. “A reforma
da previdência trouxe para o Brasil uma conscientização com relação ao tema.
Hoje é comum as pessoas discutirem com seus familiares como se preparar para a
aposentadoria no longo prazo.” Essa atenção maior ao planejamento do futuro,
aponta Snel, ajuda a ampliar a demanda por produtos como PGBL e VGBL. Um dos
pilares estratégicos, afirma o CEO, é a digitalização e o foco na jornada dos
clientes, que hoje somam mais de 6,5 milhões.
Em 2019, a Icatu investiu mais
de R$ 116 milhões em tecnologia. Segundo o executivo, entre as inovações, o
grupo desenvolveu um portal de APIs, sigla que batiza os protocolos que
permitem acesso aos sistemas das seguradoras e insurtechs. Conforme Snel,
trata-se de um ecossistema aberto utilizado por corretoras digitais e fintechs
no desenvolvimento de novas soluções.