BC libera depósitos e põe R$ 135 bi na economia
O Valor Econômico destaca que o Banco Central (BC) fez ontem alteração nos depósitos compulsórios que pode injetar R$ 135 bilhões na economia. A liberação de recursos deverá ter efeito expansionista, por meio do canal do crédito, embora esse propósito não tenha sido citado durante o anúncio da medida.
A autoridade monetária atuou em
duas frentes. Na primeira, antecipada na terça-feira pelo Valor PRO - serviço
de informações em tempo real do Valor -, reduziu a alíquota de recolhimento
compulsório dos bancos sobre depósitos a prazo de 31% para 25%, o que deverá
liberar R$ 49 bilhões para o sistema financeiro a partir do dia 16 de março.
Na segunda, diminuiu exigências
adotadas em 2015, pelas quais os bancos eram obrigados a destinar parte de sua
captação para a compra de ativos líquidos, como títulos públicos. A obrigação
se sobrepunha ao compulsório, num mecanismo chamado de indicador de liquidez de
curto prazo do sistema financeiro. Mais R$ 86 bilhões devem ser liberados.
Com a queda dos juros, os mais
tradicionais títulos de captação bancária, CDB e RDB, cresceram apenas 0,1% em
2019, para R$ 228,4 bilhões, nos segmentos de varejo, alta renda e private,
segundo a Anbima. Mas a injeção de liquidez agora permite, em tese, aumentar o
crédito. “O Brasil tem legado de compulsórios muito elevados, essa é a
jabuticaba”, disse o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra
Fernandes. No fim de janeiro, esses recursos somavam R$ 450 bilhões, enquanto
nos países desenvolvidos o volume é próximo de zero. “No futuro esperamos não
precisar mais dos compulsórios”, disse.
Para o presidente da Febraban,
Murilo Portugal, o aumento da concessão de crédito será efeito secundário,
porque os bancos já vêm ampliando a oferta. Muitos analistas argumentam que os
recursos terminarão empoçados na economia, porque o sistema já é bastante
líquido, com R$ 951 bilhões em operações compromissadas. Essa visão, porém, é
controversa. Em parte porque 90% das compromissadas são feitas pelos bancos
para clientes - sobretudo os fundos de investimento, que têm forte demanda por
liquidez.