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BC libera depósitos e põe R$ 135 bi na economia

Valor Econômico - 21 de Fevereiro de 2020

O Valor Econômico destaca que o Banco Central (BC) fez ontem alteração nos depósitos compulsórios que pode injetar R$ 135 bilhões na economia. A liberação de recursos deverá ter efeito expansionista, por meio do canal do crédito, embora esse propósito não tenha sido citado durante o anúncio da medida.

A autoridade monetária atuou em duas frentes. Na primeira, antecipada na terça-feira pelo Valor PRO - serviço de informações em tempo real do Valor -, reduziu a alíquota de recolhimento compulsório dos bancos sobre depósitos a prazo de 31% para 25%, o que deverá liberar R$ 49 bilhões para o sistema financeiro a partir do dia 16 de março.

Na segunda, diminuiu exigências adotadas em 2015, pelas quais os bancos eram obrigados a destinar parte de sua captação para a compra de ativos líquidos, como títulos públicos. A obrigação se sobrepunha ao compulsório, num mecanismo chamado de indicador de liquidez de curto prazo do sistema financeiro. Mais R$ 86 bilhões devem ser liberados.

Com a queda dos juros, os mais tradicionais títulos de captação bancária, CDB e RDB, cresceram apenas 0,1% em 2019, para R$ 228,4 bilhões, nos segmentos de varejo, alta renda e private, segundo a Anbima. Mas a injeção de liquidez agora permite, em tese, aumentar o crédito. “O Brasil tem legado de compulsórios muito elevados, essa é a jabuticaba”, disse o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra Fernandes. No fim de janeiro, esses recursos somavam R$ 450 bilhões, enquanto nos países desenvolvidos o volume é próximo de zero. “No futuro esperamos não precisar mais dos compulsórios”, disse.

Para o presidente da Febraban, Murilo Portugal, o aumento da concessão de crédito será efeito secundário, porque os bancos já vêm ampliando a oferta. Muitos analistas argumentam que os recursos terminarão empoçados na economia, porque o sistema já é bastante líquido, com R$ 951 bilhões em operações compromissadas. Essa visão, porém, é controversa. Em parte porque 90% das compromissadas são feitas pelos bancos para clientes - sobretudo os fundos de investimento, que têm forte demanda por liquidez.