Banco indica 25 operadoras de saúde como alvo de compra
Hapvida e NotreDame Intermédica tendem a se interessar por esses ativos.
Valor Econômico - 22 de Janeiro de 2020O Valor Econômico relata que num cenário de consolidação, 25 operadoras de planos de saúde — a grande maioria com rede própria — são potenciais alvos de aquisição, de acordo com levantamento elaborado pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA). As operadoras verticalizadas Hapvida e NotreDame Intermédica vêm puxando o processo de aquisições e tendem a se interessar por esses ativos.
Entre as empresas cobiçadas no
setor (veja tabela abaixo) há as operadoras cariocas Assim e Golden Cross,
cujas carteiras possuem, respectivamente, 588 mil e 200 mil usuários, e a
paulistana Prevent Senior que, graças ao seu programa de gestão de saúde,
consegue fechar no azul mesmo atendendo o público da terceira idade. Na lista
do BofA aparecem ainda grupos de saúde que estão sendo formados por gestoras de
private equity como o Pátria, que tem uma holding de saúde batizada de Athena,
e a Kinea, que adquiriu o Centro Clínico Gaúcho em 2019.
Os ativos citados não estão
necessariamente à venda. Na verdade, são operadoras que tendem a atrair a
atenção dos consolidadores, em especial as verticalizadas Hapvida e Intermédica
que estão capitalizadas. As duas companhias já levantaram R$ 20 bilhões no
mercado desde 2018.
Os ativos cobiçados pelo setor
ficam em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul,
na Bahia, em Manaus, no Espírito Santo e Piauí. Juntas, as 25 operadoras têm
cerca de 3,8 milhões de usuários.
“A maioria dos potenciais alvos
com até 50 mil usuários está em regiões onde Hapvida e NotreDame Intermédica
estão presentes. Atualmente, a única sobreposição significativa é em Joinville
(SC). Mas, no futuro, pode haver uma preocupação com a concorrência entre as
duas empresas”, destaca relatório do BofA, assinado pelos analistas Bruno
Giardino e Pedro Mariani. Na cidade catarinense, a Hapvida montou uma operação
própria e a Intermédica adquiriu a Clinipam, com presença em Joinville.
Entre 2014 e 2018, as
operadoras de planos de saúde que podem ter rede própria (conhecidas como
medicinas de grupo) viram sua participação de mercado aumentar de 34,9% para
38,6%. “Desse percentual, NotreDame Intermédica e Hapvida representam 70%. Por
outro lado, as seguradoras de saúde e as cooperativas médicas perderam 190
pontos-base e 150 pontos-base, respectivamente, no mesmo período”, informam Giardino
e Mariani.
As duas companhias conseguiram
crescer conquistando participação dos concorrentes e por meio de aquisições.
Com a crise econômica, o setor de planos de saúde encolheu de forma drástica.
Em 2014, havia 50 milhões de usuários e hoje são 47 milhões, ou seja, 3 milhões
de pessoas perderam o convênio médico no período. Os analistas do BofA estimam
que o setor só voltará a ter 50 milhões de pessoas com convênio em 2023.
“Quase 53% dos funcionários
brasileiros estão em contratos formais, uma taxa mais alta do que na maioria
dos pares de mercados emergentes. Nesse ponto, achamos difícil assumir níveis
mais altos de formalização, a menos que o crescimento do PIB do país se
recupere mais rápido do que nossas expectativas”, afirmam Giardino e Mariani. Segundo
os analistas, a recuperação do setor de planos de saúde é mais lenta do que o
aumento da taxa de emprego, que deve voltar a crescer até 2021.
Cerca de 65% dos planos de
saúde são vinculados a empresas que concedem o benefício aos funcionários. Com
o desemprego, muitas pessoas não conseguiram contratar o benefício em outras
modalidades (individual e por adesão) devido à falta de oferta no mercado ou
por causa do elevado custo, cujos reajustes chegam a ser quatro vezes superior
à inflação geral.
Potenciais alvos de aquisição
Assim
Athena
Prevent Senior
Vitallis
Golden Cross
Centro Clínico Gaúcho
HB Saúde
Ameplan
Biovida
Promed
Doctor Clin
Samaritano
São Bernardo
Transmontano
Círculo Operário Caxiense
Bio Saúde
Sistemas
Promédica
Samel
Premium Saúde
Austaclínicas
Plena Saúde
Sermed
Serpram
Clínica São José