Leilões de infraestrutura podem somar R$ 80 mi/ano em prêmios de seguro garantia
Cálculos consideram a estimativa de R$ 100 bilhões de investimentos em 44 leilões anunciados para 2020.
Valor Econômico - 08 de Janeiro de 2020Leilões de infraestrutura
podem somar R$ 80 mi/ano em prêmios de seguro garantia
O Valor
Online relata que a retomada de leilões de infraestrutura deve injetar
cerca de R$ 80 milhões em prêmios extras ao ano no mercado de seguro garantia,
aponta a Austral Seguradora. Os cálculos da companhia especializada em grandes
riscos e coberturas para o setor levam em conta a estimativa de R$ 100 bilhões
de investimentos, derivados dos 44 leilões anunciados para 2020.
Para o diretor de subscrição da
seguradora, Rodrigo Campos, só com os prêmios diretos de seguro garantia, as
concessões vão girar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. “Mas, além dos
prêmios diretos, é possível estimar pelo menos mais R$ 40 milhões em prêmios
indiretos.” Conforme o executivo, esses prêmios indiretos são aqueles
relacionados às coberturas contratadas na execução de obras e projetos. “O
percentual pode ser ainda maior, já que a definição do percentual de garantia
nas subcontratações poderá modificar diretamente este valor”, afirma.
Campos enxerga um novo ciclo
para esse mercado com a retomada de grandes obras de infraestrutura, como as
ferrovias, rodovias, aeroportos e terminais portuários. O especialista explica
que esse tipo de produto tem como objetivo, como indica o próprio nome, garantir
a conclusão de uma obra. Por lei, a empresa vencedora de uma licitação é
obrigada a apresentar caução em dinheiro, fiança bancária ou o seguro garantia
para a execução do contrato.
O mercado de seguro garantia
movimentou R$ 2,7 bilhões em prêmios até novembro de 2019, segundo dados da
Susep, e deve terminar o ano com um volume de receitas de R$ 3 bilhões. “Mas
85% desse volume vem da garantia judicial”, diz Campos. “Com os leilões de
infraestrutura, esse perfil deve mudar e as coberturas de obras vão passar a
ganhar cada vez mais peso”, acrescenta.
De acordo com o diretor da
Austral, outro impulso vem da transformação da própria dinâmica das concessões.
“Nos antigos leilões, quando as construtoras envolvidas na investigação da
Lava-Jato dominavam o mercado, as companhias montavam braços de investimento
para arrematar as concessões e as obras eram feitas pelo próprio grupo”,
explica Campos. Nas novas licitações, pondera o executivo, a dinâmica mudou,
“com participação de consórcios de fato, de investidores estratégicos”.
Conforme Campos, grupos
estrangeiros e firmas de private equity passaram a protagonizar os últimos
certames. “O crescimento do prêmio indireto vem muito dessa nova dinâmica”,
considera. Segundo o diretor da Austral, as garantias diretas de licitação e de
performance, que são relacionadas ao contrato, vão adicionar, em estimativa
conservadora, cerca de R$ 20 milhões anuais ao mercado.
Nos cálculos da Austral, após
essa fase, no ciclo de investimentos, ao menos mais R$ 40 milhões anuais em
prêmios serão acrescentados pelas contratações de outras empresas para a
realização das obras e serviços pelos consórcios vencedores. Campos considera
haver uma necessidade já mapeada de cerca de R$ 300 bilhões ou mais de
investimentos em infraestrutura. “Tem um gap no Brasil muito grande de obras
públicas, que se forem executadas vão manter o ritmo de crescimento do mercado
de garantia por vários anos.”