Teste aponta custo baixo para open banking
O Valor Econômico revela que bancos de médio porte e fintechs de crédito fizeram testes com o open banking e concluíram que o compartilhamento de informações entre eles é muito mais barato e simples que o previsto. Nesse processo, foram feitas com sucesso trocas de dados cadastrais e transacionais de clientes dos bancos Original e Pan.
A iniciativa reuniu
instituições ligadas à Associação Brasileira dos Bancos Comerciais (ABBC) e à
Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), que tropicalizaram o modelo de
open banking usado no Reino Unido para checar como ele funcionaria no Brasil. As provas reuniram 20 participantes de cada
associação, mas o compartilhamento efetivo dos dados se deu em torno do Pan e
do Original, entre os bancos, e Geru e Guiabolso, entre as fintechs.
Os resultados foram levados ao
Banco Central (BC), que na semana passada colocou em consulta pública a
regulamentação do open banking. Segundo Rafael Pereira, presidente da ABCD e
cofundador da fintech Rebel, os participantes partiram das referências
tecnológicas que já estão em uso no Reino Unido - mercado usado como modelo
pelo regulador brasileiro - e as adaptaram à realidade local.
Também foi desenvolvida uma
camada para integrar as APIs de cada banco, de forma que elas “conversassem” e
pudessem trocar dados. Uma das principais conclusões do estudo, segundo
Pereira, é que o custo de implantação foi “infinitamente mais baixo” do que se
previa. Algumas estimativas apontam que os investimentos para viabilizar o open
banking no país será na casa de bilhões de reais. “Conseguimos fazer as provas
virtualmente sem custo”, disse. Para Cláudio Guimarães, diretor-executivo da
ABBC, o aprendizado mostra que o custo não é alto e que é possível fintechs e
bancos trabalharem juntos. “O mercado bancário tem barreiras de entrada que
remetem a um modelo do milênio passado. Isso vai mudar com o open banking”,
disse.
Nas provas realizadas, foi
possível, por exemplo, que um cliente com conta no Original acessasse pelo aplicativo
do banco as informações das transações que tem no Pan. “Foi possível enviar
dados como cadastro, saldo e extrato”, diz André Carnevale,
superintendente-executivo de produtos do Pan. No Original, as conclusões também
foram “bem positivas”, conta o vice-presidente de tecnologia, inovação e
operações, Raul Moreira. Um dos objetivos alcançados foi o de gerar novas
contas do banco por meio do aplicativo do Guiabolso.
Segundo Carnevale, do Pan, a
maior dificuldade no processo foi o fato de que nem todas as instituições estão
prontas para as autenticações de segurança necessárias. Para encurtar o caminho
de bancos e fintechs que não fizeram os testes, os participantes criaram um kit
de implementação da tecnologia.
A regulamentação do open
banking fica aberta a consulta pública até 31 de janeiro. A implantação será
feita em etapas e a previsão é que seja concluída em um ano após a publicação
das regras.