Planalto extingue DPVAT por Medida Provisória
Apenas acidentes ocorridos até 31 de dezembro deste ano terão cobertura
O Globo - 12 de Novembro de 2019O Globo informa que o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória (MP) para acabar com o seguro obrigatório DPVAT, que indeniza vítimas de acidentes de trânsito. A medida valerá a partir de janeiro de 2020. O governo afirma que MP não desampara os cidadãos no caso de acidentes, já que, para as despesas médicas, 'há atendimento gratuito e universal na rede pública, por meio do SUS'. Se não for aprovada pelo Congresso em 120 dias a partir da publicação, a MP perde a validade.
'Para os segurados do
INSS, também há a cobertura do auxílio-doença, aposentadoria por invalidez,
auxílio-acidente e de pensão por morte. E mesmo para aqueles que não são
segurados do INSS, o governo federal também já oferece o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), que garante o pagamento de um salário mínimo mensal para
pessoas que não possuam meios de prover sua subsistência ou de tê-la provida
por sua família, nos termos da legislação respectiva', informou, em nota.
Os acidentes ocorridos até 31
de dezembro deste ano ainda seguem cobertos pelo DPVAT, segundo o governo. A
atual gestora do DPVAT, a Seguradora Líder, continuará até 31 de dezembro de
2025 responsável pelos procedimentos de cobertura dos acidentes ocorridos até
2019. Após 31 dezembro 2025, a União sucederá a Seguradora Líder nos direitos e
obrigações envolvendo o DPVAT.
A Líder é um consórcio de 73
seguradoras que administra o DPVAT. Entre suas participantes, estão empresas
como AIG Seguros, Caixa Seguradora, Bradesco Seguros, Itaú Seguros, Mapfre,
Porto Seguro, Omint, Tokio Marine e Zurich Santander.
O valor total contabilizado no
Consórcio do DPVAT é de cerca de R$ 8,9 bilhões. De acordo com o Palácio do
Planalto, o valor estimado para cobrir as obrigações efetivas do DPVAT até 2025
é de aproximadamente R$ 4, 2 bilhões. O valor restante, cerca de R$ 4,7
bilhões, para o qual não há previsão de pagamento de indenização, será
destinado à Conta Única do Tesouro.
Atualmente, 50% do valor
arrecadado pelo convênio é destinado à União. A maior parcela dos recursos
(45%) vai para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a menor (5%) para iniciativas
de educação no trânsito.
Para Rodolfo Rizzotto,
coordenador da S.O.S. Estradas, o fim do DPVAT é uma 'medida
demagógica' que funciona como um aceno para os proprietários de
automóveis. O problema de agir nesse sentido, segundo Rizzotto, é deixar
descoberta a vítima do acidente de trânsito que está na condição de pedestre.
Conforme pondera Rizzotto, o
DPVAT foi criado durante a ditadura militar, na década de 1970, e se trata de
um modelo bem-sucedido para um seguro universal, que não faz distinção entre
culpados e afetados.
Trata-se, segundo ele, de um
seguro com mais eficiência do que aqueles que são adotados em outros países:
- Em menos de um ano, o governo
conseguiu tomar medidas que representam um retrocesso sem precedentes na
história do país do ponto de vista da segurança no trânsito.