Objetivo é chegar a R$ 1 trilhão em ativos na previdência fechada
O Correio Braziliense informa que os ativos das entidades fechadas de previdência complementar devem chegar à marca de R$ 1 trilhão entre março e abril de 2020. A estimativa é do presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Luís Ricardo Martins.
O setor terminou o primeiro
semestre com ativos totais de R$ 939 bilhões (o equivalente a 13,4% do Produto
Interno Bruto, o PIB). Em relação ao semestre anterior, o crescimento foi de
4,3%. Esse valor é recorde, mas em relação à participação no PIB a fatia já foi
maior.
Dados divulgados durante o
Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada mostram ainda que a
maior parcela dos investimentos alocados ao fim do primeiro semestre foi
destinada à renda fixa (74%). O volume total foi de R$ 668,5 bilhões. A renda
variável contribuiu com apenas 18,2% do total, com R$ 164 bilhões dos investimentos.
Segundo a Abrapp, o valor médio
mensal da aposentadoria programada foi de R$ 6,26 mil. No caso da aposentadoria
por invalidez, a média foi de R$ 2,73 mil e, para as pensões, o valor ficou na
faixa de R$ 2,96 mil. A maioria dos contribuintes ainda é de homens, com 64,6%
de participação, ante 35,4% de mulheres.
Martins diz estar otimista com
a proximidade da aprovação da reforma da Previdência, classificada por ele como
'paramétrica', o que deve impulsionar o setor. 'O país passa por
um momento histórico. O Brasil ainda é uma nação jovem, mas ruma rapidamente ao
envelhecimento. A conta não fecha com as atuais regras.'
O representante da Abrapp
defende que haja uma contribuição previdenciária que junte diferentes fontes --
governo, trabalhador, recursos do FGTS e do PIS. Martins concorda que o
processo de aprendizado entre os beneficiários não será simples, mas ele acredita
que já há avanços nessa curva.
Campanha de Temer
Desde 2016, quando o governo do
ex-presidente Michel Temer (MDB) começou a gastar com campanhas com alertas
sobre os riscos em torno do atual modelo previdenciário do país, como a falta
de recursos para pagamentos futuros, o conhecimento da população sobre o tema
aumentou, garante. Tanto que houve um reflexo na procura por planos de
previdência.
'Houve um crescimento do
sistema. Essa disseminação da cultura previdenciária será um trabalho de
formiguinha e vai avançar à medida que crescer também a preocupação das pessoas
em viver melhor e por mais tempo. É fundamental que o assunto não saia da pauta
e avance com uma nova sistemática de contribuição para os trabalhadores, com a
reforma do regime geral', opina Martins.
Além do crescimento da demanda
com as mudanças nas atuais regras da Previdência, quem opera no setor acredita
que haverá outras fontes de estímulo aos negócios. Um deles será a busca por
produtos que ofereçam rentabilidade acima das metas.
A expectativa da Abrapp é que o
patrimônio cresça, impulsionado por rentabilidades acima das metas. A
manutenção da atual política de juros menores pressionará os fundos de pensão
para que recorram a investimentos que tenham por trás um risco maior, mas que
ofereçam a expectativa de maior rentabilidade.
'O sistema vive um momento
ímpar no sentido de buscar maior rentabilidade. Com a baixa taxa de juros, o
caminho será no sentido de correr mais risco, talvez em direção à renda
variável, fundos multimercado e investimentos no exterior', opina o
presidente da Abrapp.
Desempenho
No primeiro semestre, a
rentabilidade acumulada pelos fundos de pensão foi de 6,94%, enquanto o CDI foi
de 3%. O desempenho desses investimentos alcançou a chamada meta atuarial do sistema
-- objetivo mínimo de rentabilidade para que os fundos não gerem déficit
financeiro.
Ao todo, 144 entidades
alcançaram um superávit que, somado, foi da ordem de R$ 29,9 bilhões. No
entanto, 72 outras fundações amargaram um déficit financeiro de R$ 27,2
bilhões. Entre os associados à Abrapp estão fundos como CitiPrevi, BRF
Previdência, Eletros, Embraer Prev, Fundação Itaú Unibanco, Portus, Petrus e
Postalis.
Espera-se um impacto positivo
também com a disseminação dos planos família. Esse modelo de contrato permite a
entrada de parentes de participantes dos planos fechados. Hoje em dia, já são
25 os planos aprovados nessa categoria, mas a Abrapp espera dobrar o número até
o fim do ano.
Estados e municípios também
estão presentes no radar das entidades fechadas de previdência complementar. A
proposta que tramita no Congresso prevê que seja criada a opção de
aposentadoria complementar para o funcionalismo dentro de dois anos.