Por que esta startup criou um plano de saúde exclusivo para startups
O portal Exame relata que o Brasil tem mais de 12 mil startups. Elas se tornaram mercado fértil para startups que atendem, veja só, outras startups. Negócios escaláveis e tecnológicos possuem uma cultura de trabalho e de processos diferente de empresas tradicionais - e o empreendimento Vitta percebeu a oportunidade para lançar um plano de saúde exclusivo aos membros de startups.
São produtos exclusivos para
negócios escaláveis tecnológicos, desde faixas de planos com os nomes bull,
unicorn e valkyrie até a tabela de preços, de 15% a 20% menor do que ofertas
similares em corretoras tradicionais. A Vitta tem um fila de mais de 14 mil
vidas, de mais de 200 startups, esperando tais produtos. No futuro, essa frente
de negócio pode representar 40% do faturamento da Vitta. A startup tem oito
cofundadores e investidores como Jorge Paulo Lemann (3G Capital), Armínio Fraga
(Gávea Investimentos) e Andre Street (Stone).
De prontuário eletrônico ao
plano de saúde digital
A mineira Vitta começou em
2014, já atuando no mercado de saúde. O primeiro produto da startup foi uma
ferramenta de prontuário eletrônico para médicos. A frente atende mais de 15
mil médicos em 25 estados brasileiros e tem como objetivo reduzir burocracias e
permitir que eles passem mais tempo com seus pacientes.
Uma dor ainda maior surgiu da
própria experiência dos cofundadores João Gabriel Alkmin e Lucas Lacerda na
Vitta: o aumento de custos com planos de saúde. No primeiro ano de uso, o
reajuste foi de 17%.
'As seguradoras costumam
trabalhar com uma margem de 25%, estimando custos de 75%. Mas geramos um custo
de 40% do total contratado. Deveríamos ter tido uma redução no preço dos planos
de saúde', diz Alkmin. 'Tivemos a ideia de conectar empresas a médicos que
olhavam mais aos pacientes e mais preventivos, reduzindo as ocorrências e a
necessidade de reajustar plano.'
A Vitta adquiriu uma corretora
de planos de saúde no final do ano passado. Em março de 2019, passou a
administrar produtos de prateleira para outras empresas junto a uma solução
própria de atendimento, chamada Prime Care.
As empresas que contratam a
Vitta têm direito aos planos e ao benefício de atendimento constante aos
funcionários por canais como WhatsApp. Enfermeiros, concierges e farmacêuticos
fazem a triagem dos problemas dos funcionários e os indicam a médicos que estão
no plano de saúde adquirido e já usam os prontuários eletrônicos da Vitta. As
consultas são agendadas em cerca de 24 horas, com uma ferramenta de
geolocalização que busca profissionais perto do trabalho ou da residência do
funcionário. Segundo estimativas da startup, uma consulta tradicional pode
levar 15 dias para ser agendada.
Todos possuem um histórico
digital do paciente e fazem um atendimento mais preventivo, incluindo o envio de
alertas sobre exames e acompanhamento após procedimentos. Alguns médicos
recebem por hora, e não por consulta, incentivando um atendimento mais
cuidadoso aos pacientes.
O Prime Care atende startups
que adquiriram um grande porte, como Geru, Mobly e Stone. São 70 companhias
clientes e mais de 80 mil vidas sob administração. Segundo Alkmin, enquanto
operadoras de planos de saúde tradicionais possuem uma margem ebitda de 30%, a
Vitta tem uma de 4 a 6%. A startup aposta menos nas margens e mais na fidelização
dos clientes, gerando ganhos em longo prazo.
Por trás da startup estão
investidores de peso: Jorge Paulo Lemann, Armínio Fraga e Andre Street. A
startup também tem hoje 13 sócios além de Alkmin e Lacerda, oito deles também
considerados cofundadores. A Vitta tem um programa de sociedade que dá
participação em troca de excelência em suas funções - modelo adotado por outros
negócios escaláveis e inovadores, como na mineira Méliuz.
O plano de saúde para startups
O teste com startups que
ganharam um porte maior serviu para que as seguradoras se abrissem para
propostas específicas a negócios escaláveis e tecnológicos. Olhando para mais
formas de oferecer planos de saúde corporativos acessíveis, a Vitta reparou que
as startups em estágio mais inicial geralmente possuem baixas taxas de
sinistros (ocorrências) por conta de escolaridade, estilo de vida e idade dos
membros. Tais negócios também estão mais abertos a soluções completamente
digitais.
No mês passado, a Vitta lançou
planos de saúde específicos para o mercado de startups, em parceria com as
seguradoras Omint e Unimed. A lista de espera está com mais de 14 mil vidas
cadastradas em mais de 200 startups.
São faixas de planos com nomes
descolados - bull, unicorn e valkyrie - e preços mais acessíveis. Desta vez, a
Vitta adaptou os planos de prateleira das seguradoras e selecionou hospitais
para baratear o preço, colocando o Prime Care como um diferencial maior. Com a
mudança, o plano de saúde pela Vitta fica de 15% a 20% mais barato do que
produtos com os mesmos benefícios e das mesmas seguradoras oferecidos a
empresas tradicionais, segundo a própria startup.
Alkmin estima que o plano de
saúde para startups possa representar 40% do faturamento da Vitta em longo prazo
- ou até mais, dependendo de quanto os negócios escaláveis e tecnológicos
brasileiros crescerem. Levando em conta apenas a captação de investimentos como
critério, é uma aposta promissora.