Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
O POTENCIAL DO SEGURO RURAL
A FENSEG (Federação de Seguros Gerias) divulgou recentemente que o seguro rural cresceu 40% em relação ao ano passado. 08 de Outubro de 2021A FENSEG (Federação de Seguros Gerias) divulgou recentemente que o seguro
rural cresceu 40% em relação ao ano passado. É um número inédito, que reforça a
força do agronegócio brasileiro, mas, mais do que isso, mostra a pujança do
setor de seguros e sua capacidade de atender às demandas da sociedade, provendo
a proteção necessária para o seu desenvolvimento.
O nosso agronegócio é um dos dois mais fortes do mundo. Apenas os Estados
Unidos têm condições de competir em termos de igualdade e, mesmo assim, ano a
ano vamos nos tornando mais eficientes e mais competitivos em relação a eles.
Existem diferenças que dificultam ou retardam a capacidade do Brasil se
aproximar mais da enorme produção norte-americana, mas, mais rápido do que se
poderia imaginar, vamos chegando perto deles.
Na base do processo está o empreendedorismo do produtor rural brasileiro,
associado a ações desenvolvidas por entidades como a Embrapa, o Instituto
Agronômico de Campinas e a Escola de Agronomia Luiz de Queiroz.
Graças às pesquisas desenvolvidas por eles e à assessoria técnico
profissional oferecida pelas faculdades e institutos voltados ao tema, o antigo
fazendeiro se transformou num empresário rural, com as mesmas competências dos
mais eficientes empresários urbanos.
O resultado é que o Brasil é dos poucos países a terem duas safras por
ano, ao contrário da maioria, que não passa de uma, seguindo a lei das
estações, com suas condicionantes climáticas e as restrições de uso do solo e
de sementes com processo de maturação mais longos.
O agronegócio é a mola mestra da economia nacional, respondendo por boa
parte das divisas fortes decorrentes das exportações de seus produtos, que vão
de grãos a proteína animal, passando por toda a cadeia dos frutos da terra.
Dizer que sem o seguro rural o agronegócio brasileiro não estaria no
patamar atual seria um exagero e superestimar sua importância, em detrimento da
cadeia produtiva desenvolvida ao longo das últimas décadas. O seguro não
produz, nem ajuda, diretamente, a produzir mais. Sua função não é esta. Da
mesma forma que também não é evitar os eventos danosos capazes de gerar
prejuízos aos segurados.
Seguro não evita, nem afasta os sinistros. E a seguradora também não
transfere os riscos dos segurados para ela, o que ela faz é ressarcir os
segurados dos prejuízos econômicos decorrentes da ocorrência dos eventos
cobertos. E isto é fundamental para o empreendedor. Com a certeza de que o capital
investido está protegido por uma apólice de seguro, o empresário pode correr
riscos que, de outra forma, ele não teria condições de assumir, porque, no caso
de um evento danoso, teria que arcar integralmente com o prejuízo.
Com a garantia do seguro, o produtor rural pode investir mais no próprio
negócio, porque, no caso da ocorrência de uma eventual seca, ou de chuvas
excessivas, ou outros eventos que lhe causem prejuízos, as perdas serão
ressarcidas pela seguradora, liberando a aplicação de recursos que, sem essa
garantia, teriam que ficar como reserva para enfrentar os eventuais prejuízos
decorrentes dos riscos da atividade, evitando a sua quebra.
Mais recursos significam mais produtividade, mais investimentos em
pesquisas, sofisticação administrativa, redução de custos, melhores margens,
preços mais competitivos e maiores lucros.
Ao longo dos últimos anos, o governo se sensibilizou e passou a destinar
mais recursos para arcar com sua parte no preço dos seguros rurais, na casa dos
cinquenta por cento do prêmio devido.
A consequência direta foi o
aumento da área protegida e o aumento da produtividade das safras, com o país
batendo sucessivamente os recordes anuais de produção de grãos e exportação de
proteína animal. E essa tendência deve se acentuar.
Mas há um outro lado pouco comentado da importância do seguro rural. A
proteção da produção abre caminho para a proteção de toda a cadeia do
agronegócio, com seguros para imóveis, instalações, insumos, máquinas, equipamentos,
armazenagem e transporte sendo disponibilizados para o agricultor.