Denise Bueno
Denise Bueno

Jornalista especializada na indústria de seguros brasileira e internacional

Presidente do Sincor-SP fala sobre os desafios dos corretores e o que estão por vir com o Open Finance

“O consumidor há décadas dá demonstração de acreditar no profissional e tê-lo como sua preferência pra adquirir produtos", diz Alexandre Camillo 14 de Setembro de 2021

A gestão de Alexandre Camillo à frente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo, mais conhecido como Sincor-SP, está chegando ao fim. O corretor, proprietário da Camillo Seguros, deixa o posto ocupado nos últimos 8 anos em dezembro próximo. Ele passa o bastão ao seu sucessor de cabeça erguida ao ter enfrentado “vários leões todos os dias” e conseguido implementar ações concretas que beneficiam a categoria profissional. Deixa um legado muito importante para um segmento com desafios e oportunidades relevantes para os próximos anos, principalmente com a entrada do Open Finance, que consolida o Open Banking e Open Insurance, previsto para final de 2022, quando será possível compartilhar dados como operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.  

Um desses leões foi o fim do imposto sindical. Restou a contribuição associativa. O corretor só contribui se quiser. “Entendi que para o Sincor se manter vivo tinha de ser útil. Agregar para o dia a dia do corretor de seguro. Não mais se caracterizar com princípios ideológicos, que seguem fortes, mas não são suficientes para manter o corretor conectados conosco”, disse Camillo em conversa com o blog Sonho Seguro.  

Segundo o presidente do SIncor-SP, o fim da obrigatoriedade trouxe duas perdas: a receita e o distanciamento. “A segunda foi pior”, enfatizou. Diante disso, a estratégia foi transformar o sindicato em instrumento de provedor de serviços ao corretor. “Fizemos de tudo para o corretor inserir o Sincor no imaginário de oportunidades e desafios. A cereja do bolo foi o Sincor Digital, que traz uma série de serviços na palma da mão do corretor, como conhecer normas regras, notificações de notícias, benefícios, promoções e um instrumento de apoio ao comercial, com multi-cotadores”, numera Camillo. 

Desafios da gestão

“O principal desafio foi gerar uma consciência coletiva de que estamos todos no mesmo barco e, se remarmos juntos e organizadamente, vamos mais longe. Ser eleito não te transforma em líder. Nem tão pouco te gera credibilidade. Pelo contrário, gera incerteza. Muitos questionam: será que o cara é bom?”, disse. Diante do líder sindical que se tornou, como mostra a representatividade que teve para resolver alguns dos desafios, é possível afirmar que Camillo retribuiu a confiança do voto. “Acredito ter feito isso de maneira solida ao longo da minha gestão”, comenta. 

O segundo desafio foi manter a categoria unida num momento de grande incerteza para a categoria diante do avanço das vendas diretas em marketplaces financeiros. A estratégia do Sincor-SP foi ressaltar em todas as frentes a importância do corretor como consultor, disponibilizar treinamentos e cursos de especialização em diversos nichos do setor, além de conseguir apoio de todas as seguradoras para a qualificação e reconhecimento do profissional de vendas. 

O terceiro maior desafio, segundo Camillo, foi pacificar o mercado. “Construir um ambiente saudável entre os corretores e instituições do setor foi a base de sustentação para enfrentarmos todas as mudanças destes últimos 8 anos. Muitas delas afetam os corretores e isso causa uma grande insegurança e temor. Estarmos unidos tem ajudado muito a encontrarmos soluções boas para todos”, diz. 

Corretor do presente e do futuro

Camillo finaliza a entrevista ao blog Sonho Seguro afirmando que o maior desafio do corretor de seguros é ele acreditar em si mesmo. “O consumidor há décadas dá demonstração de acreditar no profissional e tê-lo como sua preferência pra adquirir produtos. Tanto que o bancassurance veio na década de 80 e o corretor ficou ainda mais fortalecido com o apoio dos bancos. Agora, nesta onda de seguradoras digitais, as insurtechs já sinalizam interesse em ter o corretor como parceiro na oferta de produtos e serviços. Isso mostra que há espaço no Open Finance para a convivência com os players que se complementam para ofertar o seguro digital, ágil e simples e, com a consultoria do corretor, mais assertivo para o cliente que tem muitas ofertas e busca um especialista para orientá-lo”.