Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
SEGURO PARA O AGROBUSINESS
Em tempos de vacas magras, a alternativa é olhar para onde o sol está batendo, analisar o que pode ser feito e tocar em frente da melhor forma possível. 26 de Março de 2021Em tempos de vacas magras, a alternativa é olhar para onde o sol está
batendo, analisar o que pode ser feito e tocar em frente da melhor forma
possível. Com o coronavírus correndo solto, o Brasil ainda tem um longo caminho
pela frente, antes de poder dizer que venceu a pandemia.
Mais de três mil mortos por dia compromete qualquer planejamento. Não há
como se falar em crescimento econômico. O que o país conseguiu fazer foi a
façanha de ficar sem saúde e com a economia debilitada, caminhando para uma
piora séria, em função da redução do auxílio emergencial. O que foi feito no
ano passado foi bom porque permitiu aos mais pobres uma renda indispensável
para sua sobrevivência e que, ainda por cima, manteve a economia razoavelmente
aquecida, reduzindo a recessão para algo próximo de 4%, muito menos do que o
incialmente previsto.
No final do ano, o auxílio terminou e o que foi votado para substituí-lo
é insuficiente para as famílias mais pobres sobreviverem e para a economia se
manter minimamente aquecida. Entre secos e molhados, perdem todos. E o país não
conseguirá se recuperar porque o empobrecimento social decorrente da adoção das
novas medidas agravará o fechamento de empresas, mantará o desemprego em
patamares elevados e aumentará a miserabilidade do povo, jogando milhares de
pessoas nas ruas.
Então não há remédio, não há setor que se saia bem em meio ao caos criado
pela falta de visão do Governo Federal na condução da pandemia? A
impossibilidade da vacinação em massa nos condena a continuarmos reféns do
vírus e suas mutações, sem um único atalho para um futuro melhor?
É verdade, não temos a menor possibilidade de vacinar rapidamente 70% da
nossa população, número considerado necessário para atingir a imunidade de
rebanho, sem a qual não conseguiremos estancar o ritmo de crescimento da
pandemia. De outro lado, temos um setor que se sai extraordinariamente bem,
sendo referência no mundo, pelos ganhos de produtividade constantes e pela sua
importância cada vez mais relevante para o fornecimento de alimentos para a
humanidade.
O agronegócio brasileiro é exemplo para as sociedades mais desenvolvidas.
O que foi conseguido nas últimas décadas nos coloca como segundo maior produtor
de alimentos do mundo e, ano a ano, melhoramos nosso desempenho. É aí que temos
que focar nossa atenção. É no agronegócio que estão as oportunidades para
vários outros setores econômicos, entre eles o setor de seguros.
Ao longo dos últimos anos, o setor de seguros aumentou bastante sua
participação e interação com o agrobusiness. Numa feliz soma das ações do
governo com o setor privado, os empresários rurais passaram a contar com
seguros mais modernos e afinados com suas necessidades e com mais recursos do
governo para pagar suas apólices. Foi um avanço importante e que não tem razão
para não prosseguir, abrindo inclusive outras portas para as seguradoras
oferecerem seus produtos e para as pessoas que giram em torno do agronegócio
terem proteção eficiente para suas vidas, seus patrimônios e capacidade de
ação.
O universo do campo é muito mais do que os seguros para as culturas de
grão, como soja, milho e trigo. Há mais culturas a serem seguradas, mas, mais
importante, há outros seguros a serem desenvolvidos.
As propriedades rurais espalhadas pelo país são bastante heterogêneas,
variando de enormes áreas plantadas com soja a pequenas propriedades produtoras
de hortifruti granjeiros. Se uma parte está atendida, a maioria dos
agricultores não tem proteção adequada para suas propriedades e sua produção.
Qual a quantidade de imóveis erguidos nas propriedades rurais que não tem
seguros? Quantas sedes, silos, armazéns, garagens, casas de funcionários,
moendas, etc., não têm qualquer tipo de proteção? Quantas pessoas envolvidas
com o agronegócio não têm seguro de vida?
Este universo pode começar a ser a solução, ou a resposta, para as
dificuldades apresentadas pelos setores que tradicionalmente contratam seguros
e que estão seriamente atingidos pela crise.