Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA BRAGA
Antonio Carolos de Almeida Braga, o Braguinha, é um ícone do setor de seguros. 15 de Janeiro de 2021Antonio Carolos de Almeida Braga, o Braguinha, é um ícone do setor de
seguros. Sua importância para a atividade foi tão grande que o maior prêmio
para o pessoal de seguro, patrocinado pela CNSeg (Confederação Nacional das
Seguradoras), o prêmio “Inovação em Seguros”, leva seu nome.
Homenagem mais do que merecida. Ao longo de sua vida como segurador, à
frente da Atlântica Boavista, Antonio Carlos de Almeida Braga foi
permanentemente um incentivador da inovação e da adoção de novas tecnologias
para melhorar o desempenho de sua companhia e do setor.
Ao lado de Celso da Rocha Miranda e de Beatriz Larragoiti, ele formou o
trio de seguradores cariocas que iniciaram a modernização do setor de seguros
brasileiro, com fortíssima atuação especialmente nas décadas de 1960 a 1980. Ao
longo destes anos, Sul América, Atlântica Boavista e Companhia Internacional de
Seguros não só foram as maiores e mais importantes seguradoras nacionais, como
formaram e deram o norte para a formação de centenas de profissionais, muitos
dos quais vieram a se destacar ao longo de suas carreiras.
Homem de visão, empresário ousado, hábil negociador, profundo conhecedor
do universo empresarial brasileiro, com vasta rede de relações no mundo
político, Antonio Carlos de Almeida Braga rapidamente se destacou entre os
principais proprietários de companhias de seguros e, em seguida, como líder da
categoria.
Naquela época, as seguradoras tinham donos, acionistas, que atuavam
diretamente à frente da companhia, invariavelmente como presidente do conselho
de administração, presidente executivo ou diretor superintendente. Eram eles que
davam as linhas mestras, as diretrizes que a diretoria de cada companhia
deveria seguir.
Num tempo em que o negócio de seguro era completamente diferente de hoje,
representando mais ou menos um por cento do PIB, com o IRB (Instituto de
Resseguros do Brasil) como o grande xerife da atividade, a liberdade de atuação
das seguradoras era incomparavelmente menor do que a atual, até porque o IRB
participava obrigatoriamente de todos os seguros de incêndio, então, a carteira
mais importante do mercado.
Se para alguns o modelo era o melhor dos mundos, já que permitia a
sobrevivência bem remunerada de companhias pouco interessadas em se
desenvolverem, para outros o desafio era constante e a melhora das operações, a
criação de novas formas de cobertura e de fazer negócios era o combustível que
movia empresários como Antonio Carlos de Almeida Braga, Beatriz Larragoiti e
Celso da Rocha Miranda, que, através da atuação de suas seguradoras, moldaram o
setor, dando-lhe a consistência necessária para o salto extraordinário que a
atividade seguradora deu depois de 1994.
A Companhia Internacional de Seguros, de Celso da Rocha Miranda,
desapareceu, vítima de negócios que não tinham nenhuma relação direta com a
atividade seguradora. A Sul América, de Beatriz Larragoiti, continua sendo a
segunda maior seguradora nacional. E a Atlântica Boavista, de Antonio Carlos de
Almeida Braga, foi a origem da Bradesco Seguros, o maior grupo segurador
brasileiro.
Com a fusão com o Bradesco, Antonio Carlos de Almeida Braga deixou a
seguradora, teve uma rápida passagem como alto executivo do banco, depois se
afastou e fundou o grupo Icatu, empreendimento tão bem sucedido quanto os
anteriores.
O passo seguinte foi se mudar para Portugal e se consolidar como um dos
mais importantes nomes para o desenvolvimento do esporte no Brasil. Sem Antonio
Carlos de Almeida Braga o vôlei brasileiro, um dos mais respeitados do mundo,
jamais teria chegado aonde chegou. Atletas como Pelé, Emerson Fittipaldi,
Gustavo Kuerten e Ayrton Senna não só estavam entre seus amigos mais próximos,
como receberam o seu apoio, discreto, mas eficiente.
Num país com memória e respeito pelos seus grandes homens, Antonio Carlos
de Almeida Braga, pela sua vida e pelo que fez ao longo dela, seria alvo das
mais variadas homenagens, em todos os setores, a começar pelo político,
passando pelo empresarial, para desaguar no esportivo, onde por muito tempo ele
foi dos poucos que acreditaram e investiram para formar campeões.
Que a eternidade lhe seja leve.