Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
INFRAESTRUTURA E SEGURO
O Brasil deve fechar o ano na maior recessão da história recente do país. 14 de Agosto de 2020O Brasil deve fechar o ano na maior recessão da história recente do país.
Os prognósticos variam entre menos 10 e menos seis por cento, os dois, números muito
ruins. Na base está a pandemia, ou melhor, o momento em que ela entrou no país,
a falta de uma política de enfrentamento coordenada pelo Governo Federal e a
fraca recuperação econômica apresentada no início de 2020.
Não cabe aqui discutir o momento atual, no meio da pandemia, com cem mil
mortos pela covid19 já contabilizados e chances concretas de fechar o ano com
duzentos mil óbitos causados pelo coronavírus. O tema é como sair da encrenca em
que nos metemos.
A primeira resposta é o agronegócio. A produção de grãos nacional deve
crescer cinco por cento em comparação com 2019. É um novo recorde e que fica
melhor ainda quando se sabe que a produção e exportação de proteína animal
também deve bater recordes, principalmente pelas exportações para a China.
A segunda, passa pela retomada das obras de infraestrutura, tema que o
governo trata com enorme carinho porque pode gerar o impulso necessário para
reaquecer os demais setores da economia, graças à injeção de mais de setecentos
bilhões de reais nos projetos já elencados.
Com a dívida pública encerrando o ano próxima de cem por cento do PIB, a
única alternativa é a inciativa privada. E ela está pronta para atender o
chamado do governo, até porque as obras necessárias ao Brasil representam uma
oportunidade única, num momento em que o mundo está andando de lado, em
consequência da pandemia.
As duas somadas podem ser a resposta para o país sair da crise
fortalecido e em velocidade mais rápida do que a originalmente imaginada.
Aliás, neste sentido, a história mostra que, se o Brasil tem enorme capacidade
para entrar em crises desnecessárias, a capacidade de sair delas e retomar o
crescimento da economia é muito rápida, o que permite virar o jogo em espaço de
tempo menor do que o da maioria das nações.
Interessante notar que tanto o agronegócio, como as obras de
infraestrutura têm em comum necessitarem de seguros para poderem atingir seu
efetivo potencial de desenvolvimento. Seguros que estão prontos para serem
feitos, mas que ainda não foram contratados, o que abre para o setor uma
oportunidade de retomada dos negócios que as demais atividades ainda não têm.
Ao longo dos últimos anos, o agronegócio tem recebido mais atenção do
governo, que tem aumentado a verba destinada ao pagamento dos cinquenta por
cento do custo dos seguros rurais a seu cargo. Mas o valor atual ainda é menor
do que o necessário para dar ao agricultor brasileiro condições de
competitividade equivalentes aos seus concorrentes norte-americanos e europeus.
Do lado das obras de infraestrutura, é impossível avançar sem os seguros
de garantia, de crédito e das próprias obras. As ordens de grandeza envolvidas
não permitem pensar em investimentos e obras dessa magnitude sem a contratação
dos seguros adequados à proteção dos empreendimentos a serem realizados.
Quer dizer, num cenário muito difícil, como é o nosso cenário
socioeconômico, hoje, o setor de seguros pode largar na frente, graças à
necessidade de seus produtos para viabilizar e incrementar o desenvolvimento
dos dois setores com melhores condições de crescimento dentro da realidade
nacional.
Os produtos existem e estão nas prateleiras das seguradoras. Quanto mais
rápido forem utilizados, mais rápido será o processo. Para isso, é
indispensável vencer o atraso e a lentidão da burocracia oficial e o atraso e o
jogo de interesses políticos por trás das dificuldades criadas para vender
facilidades.
Como a pandemia derrubou os indicadores sociais, mais do que nunca é o
momento de transformarmos os números ruins nas chaves e nas molas que darão
início ao processo de modernização da nação. E o setor de seguros está pronto
para integrar a linha de frente que vai criar a nova realidade.