Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E SEGURO
O setor mais acelerado da indústria brasileira é a construção civil, especialmente os edifícios residenciais. É olhar em volta de algumas das principais avenidas de São Paulo para ver as obras em andamento ou prontas para começarem. 14 de Fevereiro de 2020O setor mais acelerado da indústria brasileira é a construção civil,
especialmente os edifícios residenciais. É olhar em volta de algumas das
principais avenidas de São Paulo para ver as obras em andamento ou prontas para
começarem.
Os lançamentos se sucedem em velocidade parecida com a de antes da crise.
Guindastes e mais guindastes se elevam sobre a cidade, marcando onde as obras terão
lugar ou fazendo contraponto para construções já em andamento. São apartamentos
de todos os tamanhos e tipos, dos mais caros aos não tão caros, porque não
existem lançamentos baratos.
Se o setor já vinha em ritmo acelerado desde o começo do ano passado, com
a queda dos juros para patamares de quatro por cento ao ano, a rentabilidade do
dinheiro aplicado em fundos e títulos públicos caiu para algo próximo de um por
cento, ou seja, algo completamente inimaginável dois anos atrás.
Neste cenário, as alternativas mais interessantes passam a comportar
certo risco, como as aplicações em bolsa de valores ou diretamente em empresas
e startups, onde a dose de risco pode ser bem mais alta e a remuneração
incerta.
É aí que o setor imobiliário entra em cena, oferecendo remuneração melhor
do que a de títulos públicos e fundos, garantindo a propriedade de um bem que
tende a se valorizar e com risco muito menor do que aplicar em bolsa ou
financiar startup.
O setor de seguros agradece o aquecimento do mercado imobiliário. Com ele
vem a necessidade da contratação de uma série de apólices, cada uma destinada a
um fim, inclusive dentro de um mesmo empreendimento.
Os seguros passam a desempenhar papel fundamental para o avanço do
negócio ainda antes da compra do terreno. É pratica de mercado o vendedor do
terreno exigir do incorporador ou da construtora, quando a compra não for à
vista ou envolver a entrega de unidades do edifício, a apresentação de uma apólice de seguro
garantia que lhe dê a tranquilidade de saber que, em algum momento futuro
previsto no contrato, vai receber o acordado, ainda que o comprador não cumpra
sua parte na avença.
Comprado o terreno, ainda antes do início da construção, tem seguro para
erros de projeto que possam comprometer a obra.
E, com o início dos trabalhos, tem seguro para garantir a própria
construção e eventuais danos que terceiros venham a sofrer em função das obras.
Mas este é só o começo. Ao iniciar as vendas, o dono do projeto quer se
garantir quanto à falta de pagamento em função do comprador da unidade falecer
ou perder o emprego. A resposta é um seguro de vida pelo saldo do valor devido
e uma garantia para perda temporária (normalmente entre três e seis meses) do
emprego do comprador.
De outro lado, o comprador também quer ter todas as garantias. Assim,
exige do vendedor um seguro que garanta as condições previstas para o imóvel
que ele adquiriu.
E depois da entrega das chaves, o seguro de condomínio deve ser feito
porque é obrigatório por lei. Esse seguro garante cobertura para o edifício, incluídas
todas as unidades, e é obrigatório por lei.
Para quem acha que já é muito, ainda existem seguros para os imóveis
usados, compreendidos entre eles as renovações dos seguros de condomínio, e
seguros para todos os imóveis familiares ou empresariai e os respectivos
conteúdos.
Curiosamente, a proporção de
imóveis segurados no país é relativamente baixa, havendo espaço para o seu
número dobrar em poucos anos.
Cabe aos corretores de seguros se encarregarem deste movimento, em
primeiro lugar porque é fonte de novas receitas e, em segundo, porque eles já
têm os cadastros de boa parte dos proprietários, em função de fazerem os
seguros de veículos dessas pessoas.
Certa vez um especialista me disse que é mais fácil fazer negócio com
quem já é cliente do que conseguir novos negócios com quem não é cliente. É
hora dos corretores de seguros saírem a campo, prospectando seus mailings.
Têm tudo para ganharem muito dinheiro.