Sócio de Penteado Mendonça e Char Advocacia e Presidente da Academia Paulista de Letras
SEGUROS - PERGUNTAS QUE PRECISAM DE RESPOSTAS
Muitas vezes a melhor resposta para uma pergunta é o silêncio. 01 de Novembro de 2019Muitas vezes a melhor resposta para uma pergunta é o silêncio. Por uma
série de razões específicas e inerentes ao assunto, nem sempre responder é a
melhor solução, até porque muitas vezes a resposta pode abrir espaço para
reações que, se chegarem cedo demais, podem comprometer todo um projeto.
Mas existem perguntas que precisam de respostas. E quanto mais claras e
transparentes elas forem, melhor para todos. Há momentos em que não é
aconselhável desconversar ou responder apenas parcialmente. Se a resposta não
for completa e a mais honesta possível, as consequências podem ser extremamente
negativas. Podem abalar a confiança necessária para o bom andamento dos fatos
ou, pior, podem comprometer uma parceria baseada em informações e percepções
indispensáveis para o sucesso da empreitada.
Esta situação é recorrente na vida em sociedade. As perguntas devem ser
respondidas dentro de critérios capazes de avaliar a sua pertinência para
dimensioná-las dentro de uma ordem razoável, integrada ao assunto em discussão.
Ninguém tem que responder perguntas sobre temas confidenciais ou que, por
uma razão ou outra, ainda não estejam maduros para serem tratados em público ou
fora do grupo encarregado do assunto.
De outro lado, há perguntas que não são individuais, não são formuladas a
uma única pessoa, seja na política, na vida econômica ou nas rotinas da
sociedade. “Como vamos reduzir a desigualdade social?” é uma pergunta que
transcende uma única resposta. Da mesma forma que perguntar a um candidato a
prefeito “O senhor conhece a rua tal, no bairro tal? Como o senhor pretende
resolver seus problemas?” está completamente fora do contexto da rotina do
prefeito. A resposta cabe à equipe encarregada da região.
Existem perguntas que não têm respostas. Em outras, as respostas podem
variar de um extremo a outro. Outras envolvem fé e por aí vamos. Mas existem
perguntas que, de uma forma ou de outra, precisam ser respondias, sob risco de,
em não o fazendo, haver o comprometimento de um projeto, de uma empresa, de uma
família ou mesmo de uma pessoa.
O setor de seguros tem uma série de questões, atualmente, sem respostas.
Muitas delas não são respondidas porque não há dados suficientes para formular
a resposta. É o caso do dimensionamento das perdas decorrentes dos eventos de
origem natural. Ninguém sabe como o clima vai se comportar e quais serão os
impactos sobre o planeta. A única certeza é que o quadro deve se agravar, mas
em que ritmo e com qual severidade, é impossível de ser quantificado.
Já como uma determinada companhia vai agir nos próximos anos é uma
pergunta que precisa ser enfrentada. Sem planejamento estratégico, não há como
imaginar um futuro promissor para uma empresa.
Dentro deste cenário, há uma série de outras perguntas que precisam ser
respondidas para a formatação do planejamento a ser desenvolvido. Entre elas,
merecem destaque temas como o futuro do setor no curto, médio e longo prazo.
Como investir em inovação? Como se posicionar dentro de uma nova ordem
econômica? Como definir as áreas de atuação? Como alocar recursos para atuar
eficientemente nas áreas escolhidas? Como identificar os canais de distribuição
ideais? Como quantificar a eficiência de cada um deles? Como determinar as
ferramentas a serem utilizadas? Quais os capitais ideais? Quais os ramos a
serem mantidos, desenvolvidos ou abandonados? Quais os riscos envolvidos nas
transformações de perfil? Em quanto tempo os objetivos devem ser alcançados?
Sem estas respostas não há como atuar empresarialmente no setor de
seguros. No caso, as perguntas foram pensadas para seguradoras, mas servem
também para os demais players interessados no segmento.
Quanto menos imprevistos uma companhia enfrentar, maiores a suas chances
de sucesso. Muitas coisas não dependem do ser humano, mas, mesmo estas, na
medida do possível, devem ser previstas, identificadas e mais ou menos avaliadas
para se determinar os impactos – positivos ou negativos – sobre o próprio
negócio.
Hoje, mais do que nunca, para o setor de seguros, é hora de se analisar o
quadro, formular as perguntas e procurar as melhores respostas.