Novos planos têm preço menor e acesso a um só grupo de hospitais
"O modelo reduz custo para as empresas, o que resulta em mensalidades de 20% a 25% mais baratas para o beneficiário", diz a reportagem.
O Globo - 06 de Julho de 2019O Globo relata que operadoras de saúde e redes hospitalares estão desenvolvendo um novo modelo de negócio. Depois da última onda de aquisições e construções de unidades próprias de atendimento, a chamada verticalização, as empresas do setor estão criando planos com uma rede credenciada menor, concentrada em hospitais de um único grupo. O modelo reduz custo para as empresas, o que resulta em mensalidades de 20% a 25% mais baratas para o beneficiário.
O Rio é o berço dessas
primeiras iniciativas. Em parceria com a Rede D'Or São Luiz, que tem 16
hospitais na Região Metropolitana do estado após a compra da Perinatal - ,
Bradesco Saúde, SulAméricae Golden Cross já oferecem produtos neste novo
modelo, com atendimento focado nos hospitais do grupo, o que inclui não só
internações, mas também procedimentos como exames de imagens e atendimentos
ambulatoriais. As três operadoras já têm planos de expandir a iniciativa para
outros estados, e algumas inclusive já estudam outros parceiros. O público
preferencial são pequenas e médias empresas, a partir de três funcionários.
INTEGRAÇÃO OE INFORMAÇÕES
O modelo começou a ser gestado
há cerca de três anos. O primeiro passo foi um projeto-piloto, com a Bradesco
Saúde, voltado para o atendimento de 32 mil dos 85 mil funcionários da Rede
D'Or. O projeto ganhou fôlego e se tornou um novo plano.
- Em um ano, enquanto o custo
do plano de saúde desses funcionários foi reduzido em 28%, os dos demais
tiveram incremento de até 18%. O custo per capita chega a ser 40% a 50% menor.
A quantidade de internações caiu 10% e o custo por internação, quase 30%
explica Heraclito Gomes, presidente executivo da Rede D'Or, acrescentando que o
grupo poderia desenvolver o modelo em Brasília, Recife, SP e no ABC paulista.
Uma das diferenças é o modelo
de pagamento, que deixa de ser por serviços e passa a ser feito por pacotes ou
diárias e com custos fixos para atendimentos de emergência. O negócio prevê
centrais de agendamento, fornecidas pela rede hospitalar, nas quais o usuário
do plano é direcionado para o atendimento de médicos e serviços da rede
credenciada. O sistema compreende alertas para repetição de consultas e exames
e monitoramento do resultado obtido pelo tratamento.
- Um dos dilemas da saúde hoje
é a fragmentação do cuidado. Administrar hospital não é nossa vocação como
seguradora. A integração de informações e a articulação da rede melhoram a
qualidade da assistência e resultam em redução de custo - diz Manoel Antônio
Peres, diretor-presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice, que pretende
levar o modelo a São Paulo e diz que há planos de parceria com a Rede D'Or
também em Pernambuco.
PROTEÇÃO DE DADOS
Segundo Franklin Padrão,
presidente da Golden Cross, a explosão de custos do setor nos últimos cinco
anos levou muitas operadoras a investirem em redes próprias e estimulou o setor
a pensar em novos modelos.
- Não existem muitos provedores
de rede (hospitalar) com tamanho suficiente para esse tipo de parceria. No Rio,
teria mais uma rede hospitalar a que poderíamos nos associar, mas para outra
clientela.
Os planos regionais são uma
alternativa para a busca da sustentabilidade do setor, diz André Lauzana,
vice-presidente Comercial e de Marketing da SulAmérica, que acaba de lançar um
plano no Rio, em parceria com a Rede D'Or, com mensalidades a partir de R$ 132,
voltado a empresas com mais de 30 funcionários. A operadora, diz Lauzana,
estuda o lançamento de produtos semelhantes com outros parceiros, inclusive,
fora do Rio.
- Todos compartilham o risco,
desde o consumidor, com o pagamento da coparticipação, induzindo um uso mais
consciente, até a rede de hospitais. O resultado é a combinação de cuidado
coordenado do usuário com uma rede focada. Trata-se de um sistema mais
sustentável.
Para Ana Carolina Navarrete,
pesquisadora em saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idee), é
preciso mais tempo para avaliar se o modelo é favorável ao consumidor.
- A grande preocupação, no
entanto, é com a proteção de dados. Garantir que as informações serão usadas
com o consentimento do consumidor e a segurança no armazenamento dessas
informações - ressalta, numa referência ao compartilhamento de dados entre a
operadora e a rede de hospitais.