1 em 5 motoristas admite que usa celular ao volante
A multa para esse tipo de infração é gravíssima e vale 7 pontos na carteira de habilitação.
O Estado de S. Paulo - 25 de Junho de 2019O Estadão revela que pesquisa do Ministério da Saúde ouviu 52.395 pessoas no ano passado – em São Paulo, só 17,4% admitem usar o celular enquanto dirigem. A multa para esse tipo de infração é gravíssima e vale 7 pontos na carteira de habilitação.
No trânsito, é comum ver
motoristas utilizando o celular em ligações ou para envio de mensagens. Em um
levantamento inédito do Ministério da Saúde, um em cada cinco condutores
admitiu utilizar o aparelho enquanto dirige. Nessa pesquisa, as pessoas entre
25 e 34 anos e aquelas com mais de 12 anos de escolaridade lideram o ranking da
infração, considerada gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Os dados são do Sistema de
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel) e foram coletados entre fevereiro e dezembro de 2018.
Foram ouvidas 52.395 pessoas nas capitais e no Distrito Federal.
A capital que teve mais
condutores que admitiram utilizar o aparelho foi Belém, seguida de Rio Branco,
Cuiabá e Vitória. São Paulo aparece no grupo de quem faz menos uso do celular
no trânsito (17,4%), ao lado de Rio e de Manaus. Salvador teve o menor índice,
com 14,2%.
Especialistas alertam que mexer
no equipamento favorece a ocorrência de acidentes e interfere na fluidez do
tráfego. “Os riscos estão comprovados. As pessoas se preocupam com pontos na
carteira e com multas, mas esses são mecanismos para evitar sequelas e mortes.
A facilidade que o celular propicia é um grande vetor de incentivo ao uso. Os
carros mais modernos já vêm com maneira de integrar o celular na eletrônica do
veículo, para não dividir atenção”, afirma o consultor em engenharia urbana
Luiz Célio Bottura.
Para ele, o ideal seria que as
redes sociais não funcionassem enquanto os veículos estivessem em movimento. “A
evolução dos celulares e da comunicação virtual precisa se preocupar com isso,
não dá para se concentrar em duas coisas. A interação poderia ser postergada.”
Em abril , o empresário Thiago
Martins, de 29 anos, quebrou as duas pernas após seu carro bater em um caminhão
que freou bruscamente ao se deparar com um veículo que estava parado na Rodovia
Ayrton Senna. “Era bem frequente usar o celular a caminho do trabalho. Ia
respondendo e-mails e olhando o WhatsApp”, conta.
Martins ficou 15 dias
internado, dos quais cinco foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Agora,
já estou melhor. Abandonei a cadeira de rodas.”
Engenheiro e mestre em
transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Sergio
Ejzenberg diz que o uso do equipamento para a comunicação é algo
“inconcebível”, mas pondera que o aparelho é útil quando utilizado para
encontrar os melhores trajetos para se chegar a um destino.
“O celular não serve só para
falar. Ele tem aplicativos de deslocamento urbano que são imprescindíveis. É
mais seguro olhar a rota no aplicativo do que procurar por placas, o que pode
levar a decisões de última hora que podem ser perigosas. Mas não dá para
digitar, porque isso acaba causando acidentes gravíssimos. É preciso um
controle dessa compulsão.”
Segundo Ejzenberg, o motorista
perde a noção do risco quando está distraído com o aparelho – e não percebe o
trajeto que faz em poucos segundos. “Um veículo roda 17 metros por segundo a 60
km por hora. Se a pessoa ficar cinco segundos sem olhar para a frente, vai
andar por um quarteirão às cegas. É preciso deixar isso claro para todo cidadão
que acha que não vai ter problema”, alerta.
Já sobre o dado de que pessoas
com maior escolaridade acabam cometendo mais a infração, que soma 7 pontos na
carteira e tem multa de R$ 293,47, Bottura diz que a prática tem mostrado que
“não é a escolaridade que dá a cultura”.
Outras infrações. Além do uso
do celular, a pesquisa também analisou outros comportamentos de risco no
trânsito. Entre os entrevistados, 11,4% afirmaram que já foram multados por
excesso de velocidade no trânsito. Nisso, o Distrito Federal tem a maior
parcela de condutores que admitem a falta (15,6%). Campo Grande (6,9%) e Porto
Velho (7,1%) têm os menores índices.
Já o porcentual de condutores
que dirigem sob efeito de álcool ficou em 5,3%. Nesse quesito, Recife (2,2%),
Rio (2,9%) e Vitória (3,2%) tiveram os porcentuais mais baixos. Palmas (14,2%)
e Teresina (12,4%) registraram os maiores índices.
SindsegSP TV
